Crime, castigo, repressão.
Fazendo-se uma síntese de tudo que Durkheim compreende
por solidariedade mecânica, consciência coletiva, chega-se a uma breve
conclusão de que crime, é aquilo que fere a moral, fere os bons costumes, fere
essa consciência coletiva, sem que seja ao mesmo tempo, nocivo à sociedade.
E a partir desse crime, tem-se um castigo, uma pena.
Entretanto ainda não consegui compreender qual a real finalidade da pena. O
sentenciado é recluso da sociedade, recluso dessa organicidade social, recluso
até mesmo do sol. Vive na escuridão, no fundo dos seus pensamentos... Sente uma
repulsa por estar ali, repulsa por ser humilhado, por ser rejeitado, por ser
tratado como um dejeto social. Obviamente seus pensamentos não são tão
positivos assim, quer voltar a sociedade não para trabalhar com carteira
assinada, ele já não faz mais parte da organicidade e de todo coletivo social. Torna-se
a cada dia um excluído. E agora, não se importa mais em ser excluído.
Ele assassina por nada, usa drogas, rouba. Entretanto não
compreende o que há de errado em matar quem deve dinheiro a ele: se não matar,
fica mal visto e vão pensar que ele é molenga. Deve se impor. Vive em uma
sociedade alternativa. Embora tenha filhos, esposa, os valores que ele
considera bons, não são os mesmos. E realmente, não faz sentido. Não faz
sentido para ele ir ao médico por rotina, ou estudar. Ele não crê em justiça,
nem em advogados, nem em normas. Eu imagino o que deve ser assistir à televisão
estando dentro de uma penitenciária: você vê o mundo a sua volta, mas não faz
parte dele, assiste jornais, novelas.
Entretanto, a sociedade ainda o vê como um marginal, e
que se encontra nessa situação porque quer. E que a prisão nada mais é além de
uma colônia de férias: não trabalha e come de graça. E dessa forma tem-se o
direito como senso comum: o cidadão comum dá a sentença, - esse marginal
deveria receber pena de morte, ou deveria apodrecer na prisão.
E mesmo que o direito penal deva ser restitutivo, essa
seja sua função: corrigir e fazer a restituição, não é dessa forma que
acontece. Ainda que haja essa intenção, o cidadão entra e sai da mesma forma,
sua mente não muda, não recebe o assistencialismo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário