No livro “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, Weber explicita
alguns fatores que fizeram o modo de produção capitalista diferente e com
maiores chances de sucesso e perpetuação, como a que se tem demonstrado.
O
fator chave apresentado é a racionalização, que se aplicará à área contábil,
efetuando a separação dos bens da empresa e dos bens do indivíduo; à área
científica, entrelaçando os avanços das ciências exatas e das ciências da
natureza aos interesses econômicos capitalistas e à aplicação que terão na
economia; à área jurídica que trará respaldo de legalidade às ações capitalistas;
e ao principal, o homem, modificando seus princípios e formas de conduta para
que ele possa agir como um capitalista acreditando ser isso o certo a fazer,
pois, como o próprio Weber diz: “onde elas(pessoas) foram obstruídas por obstáculos
espirituais, o desenvolvimento de uma conduta econômica também tem encontrado
uma séria resistência interna”
Para
que essa nova conduta, em que “o homem
é dominado pela produção de dinheiro, pela aquisição encarada como finalidade
última da sua vida”, deixasse de ser vista como pecaminosa, como foi durante
vários períodos da história da humanidade, mais recentemente, na Idade Média,
criou-se uma nova teologia, a ética protestante que racionaliza a moral e
estabelece o princípio de “dominação do mundo”. Nesse contexto surge a ideia
calvinista de “predestinação”, em que o sinal de salvação do indivíduo estava
nas suas posses. Assim, a acumulação de capital deixa de ser vista como
ganância ou desvio de caráter, e sim como demonstração de virtude e eficiência
pessoal. Hoje, entretanto, essa racionalização perdeu sua conexão com o
religioso, com o sagrado, uma vez que quem deseja manter-se forte no
mercado deve seguir esses padrões, quer por motivos religiosos ou não.
Racionalização: segredo para a perpetuação do capitalismo? Parece que sim.
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