As sociedades pré-modernas
analisadas por Durkheim possuem características que ainda conservamos no que
concerne ao que ele denomina solidariedade mecânica e à passionalidade com que
o direito é tratado por leigos e até mesmo por alguns estudiosos da área.
O direito pós-moderno é
restitutivo, burocrático, técnico, corregedor, científico, racional. Na prática,
porém, muito da “opinião do povo” se alheia dessas características. O direito é
presente no dia a dia de todos e muitos dos seus temas são corriqueiros, não havendo
como fugir das discussões. A seara do direito penal é a que contém os debates
mais fervorosos e marcados pela passionalidade do povo.
O discurso da turba é impregnado
de moralismos hipócritas, preconceituosos e ignorantes. É difícil aceitar que
programas televisivos apelativos sejam líderes de audiência, defendendo penas
cruéis, inclusive execuções, e fazendo apologia à lex talionis “olho por olho, dente por dente” em pleno século XXI,
negando toda a estrutura de um Estado Democrático de Direito que custamos a
conquistar.
Vivemos um momento de convivência
entre o moderno e o arcaico, um paradoxo gigante entre o conhecimento científico
avançado e a prática coletiva da ignorância. As pessoas são movidas pela cólera
contagiante e se deixam levar pelas emoções do momento, fazendo coisas que não
fariam por si só, ou não fariam se raciocinassem sobre aquilo. É desse modo que,
infelizmente, os direitos humanos ganham uma conotação negativa, deixando de
ser os direitos assecuratórios das liberdades de todos e passando a ser os direitos
dos bandidos.
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