Os ideais da sociedade se fazem completamente distorcidos na
atualidade. Fatores que deveriam causar verdadeira comoção popular são cada vez
mais denominados pela mídia como atos de “baderneiros”. Em contrapartida, de
maneira realmente abjeta, os veículos midiáticos - os quais pertencem a poucos
indivíduos contemplados pelo “poder” – fazem com que as massas se levantem
contra situações desnecessárias.
Ademais, a maior parte das ações de massas se reveste de
animosidade e não têm profundidade intelectual alguma, enquanto movimentos com
grande embasamento ideológico são rechaçados pela VEJA e pelas organizações
Globo. Por exemplo, o bestial movimento revoltoso dos alunos da UniBAN, em
2010, contra o tipo de vestimenta que a aluna Geyse Arruda trajava. Um ocorrido
completamente hipócrita, diga-se de passagem, já que, se a aluna em questão se
enquadrasse melhor dentro dos padrões estéticos pregados, toda aquela balbúrdia
não teria ocorrido. Também o movimento dos alunos da USP, em 2011, lutando
contra a presença ostensiva da Polícia Militar do Estado de São Paulo no campus
da universidade. Neste caso, os veículos de massa simplesmente debocharam das
verdadeiras causas das manifestações dos estudantes, além de distorcer todas as
reivindicações e espalhar a ideia de que todos os envolvidos eram usuários de
drogas (de maconha, especificamente), e a população brasileira, infelizmente,
se mostrou adepta àquilo que era pregado pela mídia.
Mais ainda, tendo em vista o fato de que essa mídia é que
“constrói” a consciência coletiva da sociedade contemporânea e que, como disse
Durkheim, a essência do crime é justamente a ofensa a esta dada consciência,
encontra-se facilmente a resposta a por que motivo os movimentos sociais estão
a cada dia mais sendo tratados de forma criminalizada. Estes buscam uma mudança
no atual contexto social, o que não agrada àqueles que estão no poder, os
quais, por sua vez, manipulam a população contra os movimentos sociais – sem
contar, é claro, o grande artifício à manutenção forçada do poder reacionário
que é a polícia.
Desta forma tudo
continua como aqueles que há décadas detêm o poder querem: a majoritária parte
da sociedade continua analfabeta politicamente e sendo conduzida pelo cabresto
ideológico da mídia. A saúde pública nacional continua risível – ou lamentável
-, o sistema educacional é terrível, declarados defensores das assassinas
milícias dos campos ganham eventos em sua homenagem em universidades públicas,
a polícia oprime qualquer voz ou movimento de oposição e milhares morrem de
fome a cada dia. Mas tudo bem, porque a VEJA disse que problemas dignos de
manifestação popular são uma aluna ir de vestido curto às aulas da universidade
ou um homem se casar, em comum acordo, com duas mulheres. Um ataque direto à
moral e aos bons costumes.
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