O direito é m
instrumento de reconhecimento social/humano que vem moldando e impactando a
sociedade há muito tempo. Desde os direitos mais primitivos aos mais
abrangentes, podemos perceber que esse amparo social garantido contribui para
um desenvolvimento social mais receptivo e respeitoso. Entretanto, existem
inúmeros fatores que podem impactar o direito e manipulá-lo para que ele haja
de maneira parcial. Assim, verificando a desigualdade racial existente no
mundo, principalmente em países com passado escravocrata, há de se entender a
importância de criar/aplicar o direito racializando sua estruturação e
execução.
Nesse sentido, segundo
Mbembe, o conceito de raça fundamenta e organiza todo o sistema capitalista. A
exemplo, temos o período colonial e o capitalismo primitivo, onde a necessidade
de exploração cria conceitos como “raça” e se apoia em falsas diferenças
capacitivas para justificar a superioridade do homem branco europeu sobre as
vítimas da diáspora africana/negra. Para mais, Achille Mbembe em sua obra,
"Crítica da razão negra", argumenta que o conceito de raça não passa
de uma ficção útil cuja função é desviar a atenção de conflitos mais reais. Em
outras palavras, reduzir a população africana em apenas um termo seria um modo
de alterar o foco da intensa dominação branca sobre estes povos.
Paralelo a tudo isso,
verificamos então que o direito tem sido construído como elemento fundamental
na manutenção dessa realidade, visto que suas estruturas e seus operadores não desejam
construir um direito crítico. Essa incapacidade em ser um sinal de mudança
social, passa pelo comportamento de simplesmente assimilar normas jurídicas e
métodos de operação, sem que haja qualquer crítica. Esse cenário frustrante e
desesperançoso é corroborado por casos como o da juíza que ao sentenciar o réu
envolvido em atividades criminosas, apontou sua raça – pele negra – como fator justificador
de suas ações, apontado um certo condicionamento de pessoas negras ao crime.
Com o passar do tempo, proibindo-se a escravidão, infelizmente, ainda vemos um sistema econômico que se movimenta e lucra em cima das minorias sociais, principalmente sobre as pessoas negras. Dado essa realidade social, é preciso desafiar o cânone hegemônico da epistemologia do norte e ultrapassar a linha abssial, como é trazido pela socióloga Sara Araújo. Por consequência, faz-se necessário uma alteração na relação entre direito e raça, através de um estudo decolonial, estudos sistemáticos de enunciados teóricos que revisitam a questão do poder na modernidade. para entender que um direito alheio as questões racias, é sim uma ferramenta fantoche e opressora.
Eduardo Damasceno e Silva - Turma XXXVIII (Noturno)
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