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segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

PARA O DIREITO, A QUESTÃO DA RAÇA IMPORTA?

A resposta é um enfático sim. Entendo o direito como sendo a garantia

conquistada pelo povo através da luta, que maximiza seu bem-estar geral, solucionando

problemas existentes na sociedade. E tomo como uma verdade autoevidente que o

racismo é um seríssimo problema social, sendo um empecilho ao bem-estar da

população. Logo, assumindo as duas premissas, a questão da raça deve sim ser

importante.

Às vezes é um olhar, às vezes, um comentário, e noutras vezes, é uma vida.

Muitas pessoas menosprezam a questão do racismo, alegando ser um “mi mi mi”, um

vitimismo, dizendo que o problema não é tão sério quanto apregoam. Porém, muitas

pessoas de fato morrem por conta justamente de sua cor de pele, por estarem no “não

lugar”, e por serem o “não ser”.

Mas, como tudo, as coisas são complexas de mais para serem resolvidas

simplesmente. Acontece que há forças na nossa cultura, no sistema, que impedem com

que o direito possa fornecer as ferramentas necessárias para um eficaz combate ao

racismo, certo de que grande parte dele está estruturado aos interesses das altas classes

opressoras.

Retomemos aos tempos das Luzes, na Europa. Os iluministas europeus

afirmavam teorias sobre o homem civilizado, e o selvagem. Há neste lado a civilização,

e em outro, a selvageria. Veja o perigo desse pensamento: era preciso um homem

civilizado, ou seja, branco, europeu, para liderar a humanidade ao progresso, tendo ele,

portanto, prerrogativas para dominar os povos inferiores, selvagens.

Complementando, vemos o desenvolvimento do capitalismo, que

necessariamente funciona com base na exploração. Na palestra de Jonas Rafael dos

Santos, há a explicação de que o capitalismo fortalece essa ideia de sub-raça, sendo ela

fundamental para a legitimação da exploração contra os povos africanos, sendo tal

exploração exemplificada tanto na escravidão, quanto no roubo de recursos naturais

pertencentes àquele povo.

Perceba como nossa cultura é extremamente influenciada por aquela cultura

europeia, e como ainda estamos presos naquele sistema de exploração, que chega a

atingir proporções globais. Levando essas coisas em consideração, entendemos o quão


difícil factualmente é a luta contra o racismo. Veja como é preciso lutar contra todo um

sistema estabelecido há séculos.

Contudo, não devemos desanimar. Na palestra, há a explicação de que é

necessária a construção de uma coalisão no combate ao racismo, e que seja global. Há o

destaque do Black Lives Matter, que assumiu protagonismo mundial na luta contra a

violência e a afirmação da população negra geral. Ou seja, concluindo, é através de

muita luta e suor que seremos capazes enfrentar o sistema e efetivar a importância da

raça para o direito.

Fernando Carvalho, Noturno.

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