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segunda-feira, 6 de maio de 2019

Mafalda Durkheimiana


     Nessa tirinha criada pelo cartunista argentino Quino, Mafalda e Susanita discutem sobre suas prioridades. Quando a colega utiliza como argumento a “ofensa ao sentimento coletivo” para validar sua escolha, Mafalda ironiza ao lhe “dar razão.” Isso porque na teoria- seguindo cegamente a perspectiva de Émile Durkheim- realmente é preciso punir aqueles atos que são universalmente reprovados como, no caso, um indivíduo frequentar ambientes públicos desprovido de vestimenta.


 Porém, aqueles que realizam a análise assim deixam a desejar no quesito senso crítico, dando uma solução superficial e imediatista para os problemas: o famoso “É assim, pronto e acabou”. Reprimir tudo aquilo que causa incômodo à maioria é um bom jeito de tornar esse mundão um lugar melhor para se viver? Infelizmente, o direito brasileiro, muitas vezes, age dessa forma. Assim como o sociólogo, a norma estipula que todos devem manter a harmonia com o organismo social.

 Ao contrariar esses ordenamentos, haverá uma pena a ser aplicada. Portanto, reforço como seria importante a contextualização no âmbito jurídico ao entender que uma pessoa sem vestido, por exemplo, causa infinitamente menos danos à sociedade que uma sem cultura. A falta de conhecimento pode colocar o ser humano em situações extremamente perigosas e prejudicar seu grupo, já a dispensa de roupas só perturba tanto os olhos devido a uma convenção social.

  Concluo que uma das falhas do sistema judiciário é rotular “criminosos” de modo tão superficial, possibilitando prisões errôneas ou liberdades não merecidas. Políticos incompetentes descansam no conforto de casa enquanto jovens das periferias são abordados por policiais todos os dias. Aí eu pergunto: quem não está cumprindo seu trabalho? O descuido de quem faz nosso país passar vergonha? Será que é a ausência de vestido mesmo que importa? Precisamos rever nossos conceitos.

Laura Filipini Noveli

1o ano
Direito Matutino

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