O desenvolvimento do fato social por Durkheim e a
demonstração de como a força do coletivo condiciona o agir social e político do
indivíduo, em qualquer sociedade, basicamente iniciou os estudos sociológicos
como uma verdadeira ciência.
Por sermos seres humanos que convivem em sociedade desde os primórdios,
considerar uma análise individual, sem examinar o contexto em que se está
inserido, seria analisar erroneamente todos os aspectos da vida dessa pessoa. Acredito
fielmente que a maioria dos nossos comportamentos estão diretamente ligadas aos
costumes que nos foram impostos a datar do nosso nascimento, como afirma o
filósofo.
Isto é tão aplicado na prática,
que a diversidade de culturas no mundo produzem diferentes tipos de direito:
basta sair de seu país de origem e observar como as regras e sua aplicabilidade
variam conforme o que aquela sociedade acredita como correto, principalmente
quando se analisa Ocidente e Oriente.
Além disso, o conceito trabalhado de uma
sociedade baseada na solidariedade, em que se abre mão de desejos individuais
para contribuir com a coesão de toda uma sociedade, diz respeito a todas as
coisas que queremos muito praticar porém sabemos que, moralmente, não seríamos
acolhidos e respeitados da mesma forma. Entretanto, acredito que o termo “solidariedade”
utilizado atribui uma romantização muito desnecessária, já que muitas dessas
atitudes abdicadas vêm por meio de muito sofrimento e muita coersão sobre o
indivíduo.
Apesar disso, cogitar uma sociedade
sem normas, mesmo que não escritas, iria contra à própria essência da
humanidade: o ser humano necessita de ordenamentos não só para que sejam
organizados, mas para que se sintam pertencentes a algum lugar. Logo, antes de divagar
sobre como essa solidariedade seria injusta e repressiva, é preciso entender
que as sociedades são assim desde sua aurora – o que não significa que atitudes
opressoras devem existir de forma legitima, cabe ao direito condena-las, mas
elas permanecerão, mesmo que da forma mais sutil e tênue pelo simples fato da
imparcialidade ser inexistente.
Dessa maneira, entende-se como seria impossível dissociar o homem da
sociedade e o homem da própria política, já que somos totalmente orgânicos,
dependentes uns dos outros, e isso não é necessariamente uma coisa ruim.
Laura Tamiê - direito noturno
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