Em sua obra Novum Organum, Francis Bacon defende que a razão sozinha não é o bastante para o alcance da verdade. Isso ocorre porque a razão gera respostas não práticas, devendo, portanto, ser guiada pela experiência e utilizada de modo indutivo: ir gradualmente, do conhecimento particular ao geral.
Segundo o Bacon, há outro obstáculo na obtenção do conhecimento científico, que ele denomina de “Ídolos”, os quais são enquadrados em quatro pilares: Ídolos da tribo, relacionam-se às distorções da mente humana; Ídolos da caverna, vinculam-se às relações estabelecidas pelo homem com o mundo ao seu redor; Ídolos do foro, os quais referem-se ao indivíduo e suas relações sociais; Ídolos do teatro, que se situam nas representações teatralizadas e impregnadas de equívocos e superstições.
Todos estes pilares são muito atuais e visíveis em nossa sociedade, como, por exemplo, na estreita relação existente entre o conceito dos Ídolos da caverna e as informações que o mundo ao redor do indivíduo fornece, como a sua formação, educação, leituras, e a influência midiática no pensamento das massas. Tal fenômeno pôde ser notado na última eleição presidencial ocorrida no Brasil, quando o antipetismo foi semeado pela grande mídia através de notícias com teor selecionado e publicadas em momentos estratégicos. A execução mais óbvia desta manobra foi a publicação, pela revista Veja, na semana anterior ao segundo turno, da matéria de capa a qual dizia que Lula e a presidenta Dilma sabiam sobre as transações corruptas ocorridas na Petrobras. A revista, entretanto, não possuía provas concretas para sustentar as acusações, portanto tinham o objetivo de ferir a imagem de Dilma Rousseff e, assim, influir no resultado das votações. Mesmo com a reeleição da presidenta vemos o desenrolar do sentimento antipetista nos pedidos de impeachment, ainda alimentados pela grande mídia.
Logo, podemos notar que conceitos baconianos, como a presença dos Ídolos e a antecipação da mente, são ainda bastante atuais e relevantes na sociedade pós-moderna e influenciam e se fazem presentes nos fenômenos sociais hoje. Fazendo, assim, com que a teoria de Bacon não se torne ultrapassada e continue válida como instrumento de análise dos fatos contemporâneos.
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