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domingo, 26 de abril de 2015

Uruguai não tem mortes ligadas ao tráfico desde que legalizou maconha

    Intitulando meu texto, ponho uma manchete publicada no Jornal O Globo no ano passado. A dita notícia chama a atenção do leitor para a ausência de mortes ligadas à venda de maconha desde que o governo uruguaio regulamentou o cultivo, o comércio e o uso da droga no início de 2014. Minha intenção ao citar tal notícia é clara: Não deveríamos, ao tratar das drogas, basear nossas políticas em experiências concretas, ao invés de tomá-las com base no senso comum, em uma clara e típica antecipação da mente, a de achar de que a solução para o problema das drogas é a sua proibição?
      Francis Bacon, em sua obra Novum Organum (1620), propõe que a solução apropriada para repelir os ídolos — noções falsas arraigadas no intelecto humano, dificultando o acesso à verdade — seja, em suas próprias palavras, “a formação de noções e axiomas pela verdadeira indução”. Há décadas o combate às drogas é um dos principais assuntos em voga na Sociedade. Também por décadas os governos vêm tentando combater esse problema de saúde pública com a proibição e repressão de seu comércio e uso. Todavia, é óbvio na atualidade que tal método apenas reforça o poder do tráfico e causa prejuízos para o Estado e para a Sociedade. Certos países como Uruguai e Holanda e estados americanos como Washington já impuseram medidas alternativas de combate, que vêm, como demonstrado na notícia que dá nome a esse artigo, tendo resultados muito mais satisfatórios que a velha ideia da repressão.
    Esse texto não deve ser tratado como uma ode ao consumo de drogas. Deve, sim, ser visto como a constatação de que, nos baseando em noções falsas, temos tomado decisões erradas no combate aos narcóticos ilícitos que, por sinal, são tão nocivos quanto muitos fármacos facilmente comprados em farmácias e outras drogas como o tabaco e o álcool, amplamente aceitos pela sociedade brasileira. Deveríamos, logo, fazer maior uso de experiências bem sucedidas e concretas no embasamento de nossas decisões, como já defendido por Bacon quatro séculos atrás.


Paulo Cereda
1º ano - Direito (diurno)
Introdução à Sociologia - Aula 03

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