Francis Bacon, filósofo clássico
inglês, discorre em “Novum Organum”, entre outros conceitos, sobre quatro
ídolos bloqueadores da mente humana. Esses ídolos são falsas noções e
percepções do mundo que não só obstruem o intelecto humano na busca da verdade,
como também são responsáveis pelos erros cometidos pelos homens no estudo
científico. Tomando particularmente os ídolos do teatro e, trazendo esse
pensamento para a realidade, pode-se identificar esses
ídolos na filosofia e nos ideais do antigo regime totalitário nazista.
Segundo Bacon, os ídolos do teatro são abertamente recebidos
e incutidos na mente humana por meio de mentiras de um sistema, de uma
ideologia. Originam-se dos sistemas filosóficos e das regras fundamentadas em
falsas e pervertidas demonstrações por esse sistema ou ideologia e, também, da
irrestrita subordinação à autoridade. No contexto em que vivia, o filósofo
identifica tais ídolos nas crenças, superstições e principalmente na religião que
monopolizava o conhecimento “a tal ponto que os homens que as tentam [as novas
filosofias] sujeitam-se a riscos, ao desvalimento de sua fortuna, e, sem nenhum
prêmio, expõem-se ao desprezo e ao ódio”, como afirma Bacon.
Semelhantemente, é possível identificar os ídolos do teatro na filosofia
do regime nazista, no qual foram difundidos ideais racistas, antissemitas,
homofóbicos, xenófobicos e outros ideais malsãos à humanidade, todos perversos
e com fundo falso; também tem-se o culto à personalidade de Hitler e uma
irrestrita subordinação a sua autoridade. Os ídolos foram incutidos na mente de
grande parte do povo alemão da época, deixando-os cegos à verdade e à
insanidade dos atos nazistas. Aqueles que contestavam esses ideais
sujeitavam-se a riscos e ao ódio como na Idade Moderna, vivida por Bacon.
Portanto, constata-se que mesmo após séculos do diagnóstico baconiano
sobre os ídolos da mente humana, nesse caso os ídolos do teatro, eles ainda
prevaleceram iludindo as pessoas com filosofias falsas e malsãs. Assim, Bacon
aponta a busca da verdade à luz da prova e da experimentação como remédio para
os ídolos.
Lucas Camilo Lelis
1º ano - Direito Diurno
Aula 03
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