Na obra "Novum Organum",Francis Bacon aponta um interessante fato sobre o intelecto humano,no qual diz que esse,quando assente uma convicção (ou por já bem aceita e acreditada ou porque o agrada),tudo arrasta para seu apoio e acordo.E,ainda que em maior número,não observa a força das instâncias contrárias;despreza-as,ou,recorrendo a distinções,põe-nas de parte e rejeita,não sem grande e pernicioso prejuízo.Dessa maneira,a autoridade daquelas primeiras afirmações permanece inviolada.
Tal reflexão descreve com maestria a maneira de pensar,de ser de parte da população brasileira que teima em criticar a aplicação de programas sociais governamentais em prol dos menos favorecidos economicamente do país.Recentemente realocados em classes com maior acesso a produtos e serviços graças à melhora do desempenho do Brasil no cenário econômico mundial,principalmente nos últimos 13 anos,a nova classe média parece ter esquecido seu recente passado não tão vistoso nem farto ao classificar como vagabundos àqueles mais carentes que hoje dependem de programas sociais como o "Bolsa Família" a fim de conseguirem sobreviver.
Sendo tão bem descrita por esse ponto do filósofo,esta camada egocêntrica e egoísta da sociedade brasileira deveria amparar-se no método da experimentação de Francis Bacon a fim de não esquecer as experiências pelas quais passaram e assim compreender,finalmente,que os programas sociais do governo não são "sustento de vagabundos",mas sim um trabalho que busca ampliar a classe média que tem acesso ao básico para viver;um trabalho que via esmiuçar a quantidade de sobreviventes e aumentar a de viventes no país.
Rafael dos Anjos Souza
Turma XXXII -Direito Noturno.
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