Na tradição clássica, especificamente para Aristóteles, o poder dividia-se, sobretudo, em poder paterno, poder despótico e poder político. O primeiro tipo, do qual trataremos em particular nesta postagem, baseia-se no domínio que os pais exercem sobre os filhos, a partir, além da natureza de genitor e rebento e da força física, da experiência e sabedoria daqueles.
Francis Bacon estabelece, em sua obra Novum Organum, um método científico para atingir o conhecimento verdadeiro do mundo à sua volta. Este método consiste no uso dos sentidos, na observação e análise racional da realidade. Podemos estabelecer uma relação entre este método e o conceito de sabedoria, que é o conhecimento adquirido através dos anos, ou seja, da experiência.
Tendo experimentado as mesmas situações dos filhos, diferindo em uma coisa ou outra, os pais são a razão daqueles pequenos indivíduos ingênuos e com pouco discernimento entre o certo e o errado, entre o bom e o mau. No caso da adolescência, fase da experimentação e do descobrimento, os genitores são de vital importância para o aconselhamento e a condução da prole para sua própria segurança.
A privação por parte dos pais em relação aos filhos quanto a algumas situações gera um conflito de interesses. Aqueles visam a proteção destes de circunstâncias perigosas que certamente irão gerar, de alguma forma, dor ou constrangimento. Os jovens, por sua vez, sentem frustração e revolta, uma vez que anseiam por ter as próprias experiências.
Bacon interviria a favor dos filhos, argumentando que estes teriam conhecimento sobre o mundo e sua realidade somente se "sentissem na pele", ou seja, se passassem por situações que mostrem empiricamente o que é bom e mau, certo e errado. O filósofo defenderia que somente os conselhos dos pais, por mais que estejam recheados de experiência própria, não bastariam para que os filhos fizessem esta distinção e definissem os caminhos que devem trilhar.
As experiências vividas por nossos pais, que deram a eles a sabedoria e o conhecimento que lhes dão o poder sobre nós, filhos, são também por nós vividas, para que tenhamos, também, nossa própria sabedoria e conhecimento, que serão passadas às próximas gerações. Assim, aqui cito uma conhecida música de Belchior, que dá título a esta postagem: "Apesar de termos feito tudo o que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais."
Hiago A. Cordioli
1º ano de Direito, período noturno
Disciplina de Introdução à Sociologia, aula 03.
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