Francis Bacon inovou o cenário filosófico. Destacou enfaticamente os poderes da mente humana, muitas vezes, segundo ele, utilizados de maneira errônea. Em sua obra “Novum Organum”, o filósofo propõe um novo método de ciência, pautado essencialmente pela experimentação. Acreditava, assim como René Descartes, que os sentidos poderiam apresentar uma visão errada da realidade, mas, apesar desse fato, para Bacon, eles eram importantes para julgar os experimentos. Os dois filósofos concordavam, ainda, da necessidade de dominação do homem sobre a natureza, para benefício próprio.
Bacon nega a ciência da época, que para ele se caracterizava como “combinações de descobertas anteriores”, e não um novo método. Criticou ferrenhamente a dialética demonstrada por Aristóteles, tida em seu tempo como ferramenta de chegada à verdade absoluta. O empirista diz que esse processo servia unicamente para o exercício da mente, e não haveria concepção de qualquer verdade, pelo contrário, firmariam-se os erros do pensamento. Detalhou o caminho ao saber: o ser, nas vias de se atingir o intelecto, primeiramente se apoia na dialética, por essa ser uma forma de obtenção de conhecimento mais geral. Depois, tenta seguir para o meio correto, porém, não há um proveito adequado, pelo vício da dialética, a qual recrimina a experiência, fundamental para Bacon na criação de uma erudição. Com seu novo método, então, haveria a cura da mente daqueles simpatizados com o pensamento aristotélico, podendo finalmente conceber a ciência.
Existem noções falsas, contudo, que podem atrapalhar essa concepção: os ídolos. Eles podem existir de três maneiras, dependendo da forma com que agem na mente e a partir de onde agem. Ídolos da tribo são aqueles surgidos da limitação da natureza humana quanto aos sentidos e sentimentos, atrapalhando o recebimento de impressões. Os Ídolos da caverna são os vindos da individualidade de cada um: o nível de conhecimento irá depender da visão de mundo, da educação e habilidades obtidos ao longo da vida. Os Ídolos do foro são os dependentes da interpretação e manipulação de palavras, podendo o homem alienado e insinuado chegar a conclusões “fantasiosas”. Há, por fim, os Ídolos do teatro, os quais são caracterizados pelo mundo irreal que demonstram, mostrados para Bacon na filosofia tradicional e na ciência que estava em vigor.
A filosofia baconiana nunca foi tão atual. Na sociedade contemporânea, possuímos, principalmente, os ídolos do foro e do teatro. Vivemos em um mundo completamente influenciado por marcas e pessoas. O dito por uma propaganda, por exemplo, logo se torna uma máxima, sem qualquer espécie de verificação, deixando o ser humano cada vez mais debilitado intelectualmente. Governos ditadores também usufruem deles, alienando toda a população através da manipulação de palavras e da criação de um “mundo perfeito” que só se encontra ali, a exemplo do que ocorre na Coreia do Norte. A eliminação de todos os ídolos e o estabelecimento da ciência, portanto, nunca estiveram mais difíceis, grande parte devido ao papel da mídia hoje e ao bombardeamento de informações, em sua maioria, imprecisas.
Arthur Augusto Zangrandi
1º ano Direito noturno
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