Francis Bacon, colocado por alguns
historiadores como o “profeta da técnica”, propõe ao longo de sua obra uma Instauratio Magna – a grande
restauração. A partir dela, buscava substituir a metodologia vigente desde
Aristóteles, apresentando uma nova forma de ciência não mais contemplativa, mas
que sirva para o bem estar do homem. Para isso, desenvolve um método a ser
seguido a partir da indução (ponto de divergência com relação a Descartes, que
segue a linha dedutiva), no qual se chega à verdade a partir do estudo e da
observação, sendo a experimentação imprescindível nesse processo. Bacon torna –
se, dessa forma, o pai do método experimental.
Isso representa uma ruptura com o modelo de educação
medieval, fortemente influenciado pela metafisica, na qual o ensino vivia em
simbiose com a igreja. Inaugura um novo modelo, aplicado até hoje, mais
objetivo e baseado na experiência. Enquanto Aristóteles defendia que “a experiência
é escrava da razão” e, portanto, visava adequar suas experimentações a aquilo
que sua razão propusera, Bacon defendia exatamente o contrário: a pesquisa não
deve ser feita para provar uma teoria, a teoria deve ser formulada a partir da
experimentação.
A área de pesquisa científica segue – ou deveria seguir –
essa linha. É claro que a pesquisa se dá a partir de uma ideia, mas essa ideia não
pode não pode levar a manipulação de dados em uma pesquisa. Esse preceito é
fundamental para que se busque a neutralidade do conhecimento, mesmo que este
ideal seja utópico. Além disso, a experimentação como referência para a veracidade
do conhecimento parece, de fato, mais válida do que a razão humana, tão
variável.
Bacon, em Novum
Organum, descreve dois métodos para alcançar o conhecimento: o primeiro
consiste no cultivo da ciência, método proposto até sua influência e de
Descartes, caracterizado pela antecipação da mente: a partir dela, o ser humano
cria o senso comum, tido hoje como um dos maiores inimigos da ciência e da
razão plena; o segundo método, da descoberta científica, visa a interpretação
da natureza e é a partir do qual se fazem novas descobertas, uma vez que o
homem se liberta do senso comum e busca conhecimento por vias ainda não
exploradas. É a partir do segundo método que a ciência contemporânea deve ser
desenvolvida, seguindo o ideal de uma ciência que sirva para o bem do ser
humano, e não meramente contemplativa.
Vale lembrar que a relação de Bacon com a figura divina é
semelhante a de Descartes: apesar de sua crítica a influencia religiosa na
educação, Bacon não defende o ateísmo ou quaisquer afastamentos do homem de
Deus. Do contrário, ele defende a facção de uma ciência que, a partir da experiência
(para Descartes, como defensor da dedução, a partir da razão), aproxime o homem
do “arquiteto da natureza”. Sua crítica, portanto, não é a Deus, mas a forma
com que a igreja prega sua busca. Pode – se utilizar suas ideias para defender,
por exemplo, o ensino laico, sem influencia da religião, mas nunca de um ensino
ateu
Heloisa Areias
1º ano de Direito diurno
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