Émile Durkheim ao tratar da divisão do trabalho tem uma visão ligada à idéia de solidariedade. A solidariedade para ele nasce quando o homem abre mão de parte da sua individualidade para misturar a sua imagem à imagem do coletivo. Essa solidariedade nasce com a solidariedade conjugal, no momento histórico em que as relações conjugais tornam-se mais fortes e duradouras.
A divisão do trabalho tem início, portanto, com a divisão sexual do trabalho. (O homem se une à mulher, graças à relação de complementaridade, e a partir disso a divisão se estende das funções sexuais a todas as funções sociais).
O pensamento de Durkheim, que tem como sociedade ideal (e finalidade da sociedade) a fusão das imagens individuais em uma imagem coletiva, não me parece muito coeso, pois a individualidade é antes de tudo uma forma de libertação, uma necessidade. Como o exemplo dado pelo próprio autor sobre a especialização do sexo feminino nas funções afetivas e do masculino nas funções intelectuais. Claro que adaptando-se as idéias de Durkheim à atualidade, muitas correções, incluindo essa, seriam feitas. Porém, mesmo assim, essa ligação indissociável a um ser maior, o ser coletivo, parece inaceitável a qualquer um nascido na era das individualidades.
A forma como o trabalho é dividido dita como é uma sociedade, aliás, a função da sociedade é realmente dividir o trabalho (de uma forma que se liga à moral). É ela quem dirá se uma sociedade é mais ou menos igualitária, se nela existe miséria ou não. Já se a divisão que tem como base a solidariedade almejada por Durkheim é a melhor, ou ainda, se é possível, é difícil saber.
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