Vivemos hoje numa sociedade em que os valores morais religiosos tem cada vez menos peso nas relações sociais, onde a competição e o individualismo são valores encorajados e que, mesmo assim, consegue desenvolvimento em vários campos, como o social ou o científico, em taxas sem precedentes. Se não temos uma solidariedade com base religiosa e cada vez mais o sentimento de nação perde espaço com a globalização, como isso é possível?
Na opinião de Durkheim, o que gera tal solidariedade social, que viabiliza o progresso, é a divisão do trabalho. Nos tempos pré-industriais, as trocas de favores eram mais simples. Se você quisesse um vestido, mas a principal costureira da região não fosse uma fonte viável, haveriam muitas outras costureiras capazes de fazê-lo em um círculo social próximo, porém, hoje, se a principal fonte não fosse viável, quantos técnicos seriam necessários e quão longe você teria que buscar para encontrar profissionais capacitados se necessitasse, por exemplo, de um medicamento contra a AIDS? A sofisticação e especialização do conhecimento aumentou a interdependência social.
Essa necessidade geral, de determinadas pessoas, desempenhando determinadas funções, constituiu um grande fato social, ao qual Durkheim dá o nome de solidariedade social. Um jovem, hoje em dia, que aos seus vinte e poucos anos não estiver trabalhando, cursando faculdade ou “tomando algum rumo”, será visto com maus olhos pela comunidade e até mesmo pelo Estado (Diploma de curso superior dá direito a cela especial na cadeia). A necessidade da divisão do trabalho está incrustada nos membros de nossa sociedade.
A divisão do trabalho é um fator que pode ligar e unir o corpo social, relacionando os diversos setores de uma comunidade e gerando uma coesão (mesmo que opressiva) que alavanca o desenvolvimento da mesma.
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