Durkheim explica a função da divisão do trabalho por meio de uma comparação entre a sociedade e o corpo humano, nos apresentando, portanto, uma visão organicista. Para o autor, assim como o corpo humano, a sociedade deve dividir tarefas entre os seus componentes com a finalidade de que o todo funcione corretamente. Nesse ponto, Durkheim afirma que a divisão do trabalho não é necessária apenas para manter a civilização, mas também para conferir a esta um certo caráter moral.
Esse caráter moral consiste no fato de a divisão do trabalho (idealizada por Durkheim) promover uma complementariedade entre os indivíduos de uma sociedade, na medida que estes desempenham funções distintas, mas fundamentais para todos. A divisão do trabalho seria responsável, portanto, por uma coesão entre os indivíduos de uma sociedade, assim como nossos orgãos o são em relação ao corpo.
Para Durkheim, isso desencadearia o efeito maior da divisão do trabalho, a solidariedade social. Que é responsável por um sentimento de que cada indivíduo cumpre a sua função na sociedade e que todas as funções são importantes para a manutenção do todo coeso, não sendo uma melhor que a outra, mas todas complementares.
Ao observar a sociedade capitalista acredito ser quase impossível identificar os efeitos da divisão do trabalho idealizada por Durkheim, afinal o lucro é o objetivo final que move qualquer atividade produtiva no mundo em que vivemos, e para este autor, a divisão do trabalho não tem estímulo meramente econômico, mas moral acima da tudo. Acredito que o formato produtivo atual tenta, por meio de células de produção, minimizar os efeitos negativos desencadeados pelo fordismo e taylorismo, mas não obtém êxito no campo moral, afinal, o individualismo está arraigado no sistema capitalista independente do modelo produtivo vigente.
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