Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
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domingo, 15 de maio de 2011
Junção das partes a favor do todo
Ao contrário do que se vê hoje, a divisão do trabalho para Durkheim tem um sentido moral e não meramente econômico, baseado na produtividade e no interesse. Se para nós, membros da chamada sociedade moderna, a função da divisão do trabalho é a obtenção de dinheiro a fim de garantir a sobrevivência, para o sociólogo, ela é um elemento de harmonização social, capaz de ligar um indivíduo ao todo e de promover o prevalecimento do sistema.
Torna-se, então, necessário ver a divisão do trabalho pelo prisma da solidariedade, para ele, o elemento central na organização da sociedade e responsável por manter um corpo social sincrônico. A solidariedade nada mais é do que um fato social, assunto estudo por nós na aula passada, no qual a sociedade é introjetada no indivíduo de modo que este permaneça em seu lugar social com a consciência de que é este o lugar que lhe cabe na divisão do trabalho e que isso é necessário para a manutenção da sociedade. Dessa forma, a fim de que todos sobrevivam, aceita-se a diferenciação, com cada qual ocupando sua função social.
Embora este aspecto da divisão do trabalho de Durkheim não seja aplicada no nosso meio social, no qual o indivíduo tem, ao menos na teoria, uma maior mobilidade social, há alguns exemplos de divisão do trabalho por ele citados que, de certa forma,correspondem a nossa realidade.
A amizade e a divisão sexual do trabalho detêm algumas particularidades que, de fato, podem ser percebidas. Nesta, o homem e a mulher possuem suas determinadas funções e características (acentuadas justamente com a divisão sexual de tarefas), que continuam presentes apesar da autonomia feminina no desempenho de funções consideradas, no passado, apenas masculinas. Em ambas pode-se perceber a atração entre os indivíduos, ora por serem semelhantes, ora por apresentarem diferenças; neste sentido, Durkheim explicita: "Busca-se no diferente aquilo que não se tem, mas deseja-se".
Sendo assim, a divisão do trabalho garante o equilíbrio social pela especialização de tarefas, também na nossa sociedade. Devemos, no entanto, ficar atentos à visão de Durkheim da divisão do trabalho como fator de integração e de unidade do corpo social, que embora seja utópica em alguns sentidos, estabelece muitas relações com a realidade e tem muito a acrescentar.
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