Nesse segundo texto do Durkheim, o sociólogo discorre sobre a função da divisão do trabalho. Mais do que garantir o funcionamento da economia, para ele, a divisão do trabalho garante uma espécie de moral social, que liga as pessoas e insere nos indivíduos a noção de sociedade.
O indivíduo deveria se engajar em determinado trabalho pensando que está desempenhando um papel no sistema produtivo. Porém, cada vez mais ocorre o contrário. Há uma degeneração coletiva, uma vez que as artes, a indústria e a ciência tendem a reforçar o individualismo já existente.
Durkheim também acredita que a divisão do trabalho não corresponde a uma necessidade cientifica da sociedade, mas sim a uma necessidade moral (consciência coletiva). E é para atender à essa consciência coletiva, que as pessoas promovem a divisão do trabalho. A verdadeira função dessa divisão é, então, ligar uns aos outros independentemente do papel social, a fim de que haja o funcionamento pleno de todos os órgãos da sociedade. Mais do que isso, Émile Durkheim pensa em um indivíduo movido por uma solidariedade (negação de si e afirmação do todo) com o fato social, a partir da aceitação do lugar que se ocupa.
“Atrai-nos quem se assemelha a nós, todavia, também nos atrai o que é diferente de nós, aquilo que nos complementa.” Busca-se no diferente aquilo que não se tem, mas deseja-se. Quando você se designa a determinado papel social, você espera que o outro cumpra o seu, que seja o complemento daquilo que você faz (este é o sentido da divisão do trabalho para Durkheim – trabalho dividido para produzir moral mais ampla, solidariedade “pública”).
Entretanto,torna-se cada vez mais difícil essa visão de todo. Como Charles Chaplin já demonstrava, a civilização industrial torna cada vez mais separadas as etapas de produção, e, assim, o indivíduo não consegue aceitar seu papel social, pois não vê sua colaboração para o todo, ou seja, não há uma ligação entre os trabalhadores.
Analisando a obra de Durkheim, algumas comparações se tornam inevitáveis: com Marx, no sentido de que ambos se opõe ao individualismo possessivo, e com Comte, que também acredita na infelicidade pessoal em nome da felicidade social. Essas semelhanças tornam ainda mais evidente a importância dessse sociólogo francês, que analisou questões ainda pertinentes atualmente, como o individualismo da sociedade capitalista e a escolha de profissões.
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