Émile Durkheim, em “A divisão do trabalho social”, descreve a necessidade de se estabelecer uma solidariedade orgânica entre os membros da sociedade. A solução estaria em, seguindo o exemplo de um organismo biológico no qual cada órgão tem uma função e depende dos outros para sobreviver, cada membro da sociedade exercer uma função na divisão do trabalho. Assim, ele estará inserido em um sistema de direitos e deveres, e também sentirá a necessidade de se manter coeso e solidário aos outros. O importante para ele é que o indivíduo realmente se sinta parte de um todo, que realmente precise da sociedade de forma orgânica, interiorizada e não meramente mecânica.
No mesmo século, porém, com as linhas de montagens, os novos modos de produção industrial de Henry Ford e Taiichi Ohno (criador do método da Toyota de produção, o Just In Time) acabam por pregar o extremo oposto. Cada indivíduo deveria ser responsável por uma pequena parte do processo, realizando-o de forma altamente mecanizada e com o mínimo de alteração possível na rotina de trabalho. Isso fazia com que os trabalhadores perdessem a noção do que estavam produzindo e de qual o se papel no processo de manufatura. Podia-se confirmar essa falta de consciência ao se observar a classe de operários da época.
Atualmente, porém, presenciamos um resgate da valorização e preocupação com o empregado. Como nova técnica administrativa, já utilizada nos Estados Unidos, na Europa e na Ásia, principalmente em grandes grupos multinacionais, as empresas tentam integrar todo o corpo de funcionários, fazendo com que a união de todos como um grupo melhore a produtividade geral. Além disso, preocupam-se também com a qualidade de vida do trabalhador, tanto na empresa quanto na vida em geral, o que explica o movimento de interiorização das unidades empresariais objetivando menores custos de produção, bem como menos congestionamento no deslocamento de todos à empresa, reduzindo o estresse e aumentando a qualidade de vida do corpo de trabalhadores, gerando por fim melhores resultados.
Pode-se afirmar que presenciamos o início do que pode ser uma revolução nos meios administrativos empresariais de nosso século, tendo como base o resgate da unidade já há tanto proposta por Émile Durkheim. Nesse novo método produtivo, o funcionário percebe, por meio dos programas desenvolvidos na empresa, sua função e seu papel indispensável ao grupo, tanto o empresarial quanto o social. Os impactos da efetiva aplicação e disseminação da nova técnica administrativa serão positivos economicamente e socialmente, tendo respaldo na sociologia de Durkheim.
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