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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Qual o preço pela independência?


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Dia 7 de Setembro de 1922 por meio de indenização nascia um suposto Brasil independente; agora em 2021, 7 de setembro, uma parcela da população sai às ruas pedindo uma outra suposta independência, e dessa vez a que custo? 
Max Weber coloca em sua obra Economia e sociedade, que o tipo ideal é aquele que se tem num imaginário do impossível, mas do desejável, é, portanto, o plano que está no horizonte perpétuo.  
Neste momento da história, é pertinente imaginar qual o tipo ideal da independência que busca o setor conservador e preconceituoso da sociedade, qual o preço que estão dispostos a pagar para institucionalizar a barbárie? Barbárie que para muitos já é uma realidade há tanto tempo.  
Por volta dos anos 2000, houve no mundo uma ascensão de uma “social democracia”, que em certa medida atingiu positivamente vários setores globais que antes existiam apenas para deixar de existir, são eles os pobres que até então era apenas elemento descartável da sociedade– num efeito social de algumas medidas econômicas a classe média teve que aguentar a perda relativa de posição social, de forma que não se via mais ascendente. Ao perceber, portanto, a possibilidade de ter o pobre, sua única fonte comparativa que a colocava como superior, tornando-se um quase igual, revelou sua verdadeira face e razão de existir, a busca pelos bens de consumo como forma de demonstrar sua superioridade já não tinham mais razão de ser se fosse acessível a todos. Qual seria o significado de ir pra Disney se a condição é de que lá esbarraria na empregada doméstica? 
Ora, a reação da classe média diante da sua perda relativa de posição na sociedade, não passa senão de uma ação social. As instituições por sua vez, são responsáveis por enquadrarem tais ações sociais, desse modo, o golpe que se seguiu e a ascensão de lideranças que espelham essa classe nada mais são que o enquadramento institucionalizado da ação raivosa da classe média, pois apesar de raivosa e ter como razão de ser futilidades, é uma parcela social que move e colabora para a manutenção da classe dominante. 
As instituições do mercado e estado devem, portanto, no capitalismo ideal que é motivo de luta política da classe média, voltar ao seu papel designado, pois é a ela que pertence a voz da ação social que busca hegemonia. Para tal, o estado deve se organizar como mercado e para representar esse mercado, se organizar racional e burocraticamente; busca, portanto, se gerir para não atrapalhar o mercado. 
É em nome disso que luta a classe média, ela se coloca nas ruas para buscar tipo ideal de sociedade. Aquela que não admite o que é “podre” do sistema que escolheu; não admite conviver com o diferente, não admite ter que encarar sua hipocrisia, e principalmente a futilidade de sua existência. Essa classe busca, portanto, com apoio dos dominantes do setor econômico, o fim de direitos sociais que por mais que o preço a se pagar seja a pilha de ossos de mais de meio milhão de brasileiros, não importa a moral cristã, não importa que os pobres deixem de existir para a migalha que alimenta o seu ego; o patrimonialismo, precisa seguir e se o jeitinho brasileiro tiver que fluir do cordial ao genocida, que se pague em sangue de pobre a indenização por essa independência. 
Independência e morte, 7 de setembro de 2021. 


Stephani E. C. Luz

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