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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

O jeitinho brasileiro

A maneira peculiar de os brasileiros resolverem seus problemas (o jeitinho brasileiro), é um problema muito complexo de ser resolvido e vai além de ser uma mera cultura do Brasil e passa a ser uma instituição cultural do país e ,assim, permeia todas as esferas sociais e se torna aqui que Weber define de um fenômeno social. De acordo com a Analogia da Refração do facho de luz, escrita por Ramos, o Brasil se enquadra como uma sociedade prismática, na qual os exemplos de Formalismo são vastos e os regramentos são quase sempre definidos ou adaptados por elites pensantes, de modo a favorecer interesses de uma classe dominante em detrimento das classes abaixo dela. Dessa forma, pode-se dar o exemplo de trabalhador rural que se muda para a cidade e, consequentemente, para não ser rejeitado pela comunidade urbana, tenta se adaptar o mais rápido possível às regras formais e informais das elites pensantes das relações sociais. Desse modo, há favorecimento de certas pessoas da classe dominante na ocupação de cargos públicos e essa característica tem uma grande relação com o patrimonialismo e faz parte da cultura política do Brasil. Dessa maneira, se tornou comum o descumprimento de normas e regras por parte dos brasileiro às quais eles estão submetidos. Tal fenômeno pode ser observado, em situações do cotidiano, como na fila de um banco, ou seja, é comum ver uma pessoa ocupando o lugar de outra na fila ou, no vocabulário brasileiro “furando fila”, com o objetivo de obter vantagens em termos de tempo sobre o outro. Similarmente, tem aqueles que pedem para serem atendidos primeiro, sob as mais variadas “desculpas”, dizendo que estão atrasados para um certo tipo de compromisso ou até mesmo por motivos de saúde e, fora isso, existem uma várias maneiras desse “jeitinho brasileiro” de resolver as coisas.  

Esse “jeitinho brasileiro” se encaixa, também, na tipologia da identidade brasileira, que consoante Marx Weber, “são caminhos construídos de forma puramente racional  para  aproximação  do  fenômeno  (ideal  da  pureza  da  razão)  com a realidade (essência subjetiva), assim, todos os desvios devem ser detectados e considerados como influências irracionais (conexões irracionais, afetos, erros)”. Dessa maneira, a sociedade brasileira confunde o conceito de cidadania com o de favores e ,assim como, a mesma população se depara com vários deveres que devem ser cumpridos e poucos direitos para usufruírem. E quando tais direitos são negados a eles, eles procuram uma maneira para poder ter de qualquer forma esses direitos, por mais que seja considerado ilegal, e desse viés surge o “jeitinho” que é considerado por muito como uma “massa cinzenta moral” entre o que é certo e o que é errado. Posto isso, o sujeito fica em um choque moral e acredita que resolver uma situação por meio da “malandragem” é certo e justo pra ele mesmo, enquanto, quando outro indivíduo usufrui disso é um ser imoral e corrupto. Pode-se dar o exemplo de uma pessoa que manipula informações para pagar uma menor quantidade de imposto de renda ao governo federal e ao mesmo tempo se sente indignado pela tamanha corrupção que existe no Brasil e pela enorme quantidade de políticos corruptos.


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