Tomando como perspectiva de análise o materialismo histórico, podemos concluir que
as relações de trabalho estão sendo levadas para um único ponto extremo. O ponto da lógica
liberista de mercado, “neoliberal”, entendendo que o liberismo ou “neoliberalismo” está
acima das microrelações cotidianas das pessoas e acima dos Estados, ou seja, a logica
liberista, é uma lógica supranacional, que exerce coerção de cima para baixo, fazendo com
que todos se adaptem a essa força mercadológica abstrata.
Entendido que esse sistema no qual as leis de mercado se mostram quase absolutas, as
normas internas dos países, como as trabalhistas, tem cada vez mais que se metamorfosearem
para serem mais uteis ao liberismo (quem sabe até abrindo mão da soberania nacional em
prol da soberania do mercado) nesse ponto é que Sennet e Marx se aproximam, ambos
rejeitam que as relações humanas devam ser geridas pelas relações mercadológicas, o
mercado não deve ser tratado como deus, todavia os pensadores vão se distanciar da resposta
do que deve ser feito.
Marx analisa e propõe a solução para o capitalismo de forma radical, visando abolir os fatores
que engendram a lógica mercantil de se viver. Divisão do trabalho, mercado e especialização
serão dissolvidos, a ideia de produção será outra, os trabalhadores terão tudo aquilo que
produzem, e a alienação deixará de existir, alienação esta que evidentemente é mais forte hoje
no capitalismo flexível do que nos tempos de Marx, dado a nova forma de se viver (a forma
liberista) tal molde se extremou, e todos os trabalhadores, os mais simples apertadores de
botões, alá Chaplin, tem que viver sendo o homem perfeito para o mercado. O homem
shumpeteriano, o homem empreendedor, logo o homem dos riscos permanentes. Nesse
sistema unicamente gerenciado pelo mercado, as relações se esvaziam, mas ganham o
eufemismo de flexíveis, dinâmicas...
Sennet não faz menos críticas ao modo “neoliberal” de se dar o mundo, apenas trabalha seu
ponto com outro olhar. O capitalismo “flexível” deve ser mudado, entretanto mudado para
um “capitalismo social”, Sennet defende que a ideia da produtividade atual além de corroer o
caráter, faz liquido o que deveria ser solido e também é menos produtivo que se pensa.
Capitalismo social seria uma forma de se mitigar as questões defeituosas do modo atual, os
trabalhadores teriam ações das empresas, assim fazendo a motivação para produzir muito
maior, além de que a problemática da flexibilização do trabalho, pessoas que vai e vão em
vários empregos acabaria, o vínculo com a empresa seria muito maior, os ganhos dos
funcionários também seriam muito mais democráticos nessa lógica.
** João Vitor Pereira de Oliveira, direito diurno
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