O dia 7 de setembro de 2021 foi diferente do que é de costume observar. As ruas de várias cidades do Brasil foram tomadas por apoiadores do atual presidente da república, com pautas antidemocráticas e genocidas, pedindo pela liberdade de expressão e a “autonomia” de Bolsonaro com o impeachment e até a revogação do STF. Esse comportamento evidencia a confusão que acontece no cenário atual, em que atos inconstitucionais estão sendo evidenciados a todo momento, algo que é impossível de se compreender.
A cultura, uma das faces principais da sociologia compreensiva, é um fator que leva essas pessoas a cometerem tais atos, visto que nela estão os valores empregados para a justificativa de suas ações, nesse caso seriam os “cristãos”, não comunistas, patriotas e mais voltados para o liberalismo, em que haveria a liberdade de expressão. Para eles, os valores da sociedade atual são imorais, não estão de acordo com o "correto" e com esse sentido realizam tais ações. Porém, tudo que é contra esses valores é tratado como ruim, sendo fechado em si, e só aqueles que compartilham da mesma visão podem ser aceitos.
Esses apoiadores também se intitulam trabalhadores, os que fazem a economia funcionar, que enquanto os outros se divertem, estão dando duro para se sustentar e ser um cidadão de bem. Esses valores são definidos pelas instituições concebidas no país, dado que são elas que engendram essas concepções e moldam o indivíduo. Dessa forma, desde a formação primária, é colocado que deve-se trabalhar para se sustentar e ter a ascensão social e status, principal aspecto do sistema capitalista e de seu mercado, que influenciam e colocam suas ideias dentro da sociedade. Assim, o emprego seria o diferencial, criando uma hierarquia e valoração dentro desse meio, como aqueles que não o fazem ou que não conseguem achá-los como vagabundos e sem perspectiva, que não são dignos de fazerem parte de sua comunidade e nem da sociedade (não contribuem).
Além disso, essa busca incessante pelo direito individual de liberdade de expressão, podendo rejeitar medidas de prevenção ao covid, como o uso de máscaras e a vacina, também são fatores do capitalismo, que colocam a subjetividade como ponto importante da vida. Desse modo, para essas pessoas poderem agir de acordo com a sua maneira de pensar e não aceitar decretos impostos para a proteção da sociedade seria uma forma de “reivindicar” seus direitos estabelecidos e a preservação da constituição.
À vista disso, essa manifestação, no ponto de vista da sociologia compreensiva, seria uma exposição dos valores engendrados na cultura dessas pessoas, que são estabelecidos pelas instituições, mesmo que não seja possível observar. Além de que, mostram os ideais capitalistas liberais da sociedade, em que prezam pelo direito de liberdade de expressão, na sua concepção individualista e não coletiva.
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