O
conceito de elite aparece, inicialmente, com intuito de nomear produtos de uma
qualidade superior e, posteriormente, expandido para caracterizar um grupo
social superior, como os militares e os nobres, portanto o termo é usado para
designar uma camada hierárquica superior. Mais tarde Karl Marx atribui a
“elite” uma alternativa para caracterizar as classes dominantes, ou para
Antônio Gramsci, é usado para denominar a “classe dirigente”, ou seja, aquela
que controla o processo econômico e político, a elite também cumpriria o papel
de dirigente cultural, a “elite” é, portanto, aquela que tem controle sob as
instituições.
Nesse
contexto, Jesse Souza, com base na sociologia weberiana de interpretação da
realidade, descreve a elite composta por uma elite econômica e pela classe
média manipulada pela mídia, a exemplo disso, como a elite atuou junto a mídia
e o poder judiciário para arquitetar o golpe contra a presidenta Dilma
Rousseff. Usando da mídia para manipular e dar um verniz de legitimidade, além
de impedir que as outras classes ascendam socialmente, de modo a perpetrar as
desigualdades sociais, por isso Jessé Souza o nome de sua obra como “A Elite do
Atraso”, a ideia é mostrar que a elite é a percursora de todo atraso, desde a escravidão
até os dias atuais, com o governo Bolsonaro.
Na
sociologia compreensiva weberiana, o que engendra a dinâmica de racionalização
da realidade são as instituições, os valores e ideias que guiam a ação podem
ser percebidos se vinculados a determinadas instituições, que é o cerne de toda
dinâmica social. E aqui Jessé, tende há uma percepção diferente dá proposta por
Sérgio Buarque de Holanda, que o núcleo da formação brasileira não é uma
continuidade com Portugal e seu patrimonialismo, mas sim a escravidão, que é
portanto a instituição que vigorou por mais tempo na história do Brasil.
Sendo
a classe mais poderosa do Brasil, a política, e, portanto, fazendo parte da
elite, pois possuem o controle sobre a econômica e a política, naturalmente, e
assim possuem acesso as instituições, e as moldando de acordos com os seus
interesses, aliciam todos os outros indivíduos. As instituições não são
externas aos indivíduos ou isentas de valores, ela estabelece uma hierarquia
valorativa em relação aos comportamentos dos indivíduos, a explicação da
essência das instituições e todos os efeitos produzidos por ela é obtida pela
investigação das fontes morais do Estado e do mercado. Além de que não se pode
pensar na cultura separa da estrutura econômica e suas respectivas instituições.
Ao
analisar o cenário brasileiro, fica perceptível que toda dinâmica social é
controlada pela classe dirigente, a elite econômica e política, tudo é
manipulado para que os interesses públicos sejam os privados, somente dessa
classe, de modo que as classes menos privilegiadas nunca acendam socialmente, e
o único reconhecimento dado passa pelo trabalho, sendo o trabalho o valor
social central. Por conta disso, é fácil notar em manifestações que contrariam
os interesses das classes desfavorecidas, a presença de pessoas que fazem parte
desta classe. A preocupação da elite “rastaquera”, no sentido de mesquinha, é sempre os
interesses escusos, os privados, e para esse fim, é utilizado todo aparato
público, sempre em detrimento do comum.
Cássio
Goulart – 1º Semestre- Direito/Diurno.
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