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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

A ELITE “RASTAQUERA”

 

O conceito de elite aparece, inicialmente, com intuito de nomear produtos de uma qualidade superior e, posteriormente, expandido para caracterizar um grupo social superior, como os militares e os nobres, portanto o termo é usado para designar uma camada hierárquica superior. Mais tarde Karl Marx atribui a “elite” uma alternativa para caracterizar as classes dominantes, ou para Antônio Gramsci, é usado para denominar a “classe dirigente”, ou seja, aquela que controla o processo econômico e político, a elite também cumpriria o papel de dirigente cultural, a “elite” é, portanto, aquela que tem controle sob as instituições.

Nesse contexto, Jesse Souza, com base na sociologia weberiana de interpretação da realidade, descreve a elite composta por uma elite econômica e pela classe média manipulada pela mídia, a exemplo disso, como a elite atuou junto a mídia e o poder judiciário para arquitetar o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff. Usando da mídia para manipular e dar um verniz de legitimidade, além de impedir que as outras classes ascendam socialmente, de modo a perpetrar as desigualdades sociais, por isso Jessé Souza o nome de sua obra como “A Elite do Atraso”, a ideia é mostrar que a elite é a percursora de todo atraso, desde a escravidão até os dias atuais, com o governo Bolsonaro.

Na sociologia compreensiva weberiana, o que engendra a dinâmica de racionalização da realidade são as instituições, os valores e ideias que guiam a ação podem ser percebidos se vinculados a determinadas instituições, que é o cerne de toda dinâmica social. E aqui Jessé, tende há uma percepção diferente dá proposta por Sérgio Buarque de Holanda, que o núcleo da formação brasileira não é uma continuidade com Portugal e seu patrimonialismo, mas sim a escravidão, que é portanto a instituição que vigorou por mais tempo na história do Brasil.

Sendo a classe mais poderosa do Brasil, a política, e, portanto, fazendo parte da elite, pois possuem o controle sobre a econômica e a política, naturalmente, e assim possuem acesso as instituições, e as moldando de acordos com os seus interesses, aliciam todos os outros indivíduos. As instituições não são externas aos indivíduos ou isentas de valores, ela estabelece uma hierarquia valorativa em relação aos comportamentos dos indivíduos, a explicação da essência das instituições e todos os efeitos produzidos por ela é obtida pela investigação das fontes morais do Estado e do mercado. Além de que não se pode pensar na cultura separa da estrutura econômica e suas respectivas instituições.

Ao analisar o cenário brasileiro, fica perceptível que toda dinâmica social é controlada pela classe dirigente, a elite econômica e política, tudo é manipulado para que os interesses públicos sejam os privados, somente dessa classe, de modo que as classes menos privilegiadas nunca acendam socialmente, e o único reconhecimento dado passa pelo trabalho, sendo o trabalho o valor social central. Por conta disso, é fácil notar em manifestações que contrariam os interesses das classes desfavorecidas, a presença de pessoas que fazem parte desta classe. A preocupação da elite “rastaquera”, no sentido de mesquinha, é sempre os interesses escusos, os privados, e para esse fim, é utilizado todo aparato público, sempre em detrimento do comum.

Cássio Goulart – 1º Semestre- Direito/Diurno.

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