A frase do Tom Jobim “o Brasil não é para principiantes” representa o sentimento de muitos quanto à tentativa de compreender o país, como movimentos que ganham força e certas ações dos brasileiros. No entanto, essa dificuldade foi, na verdade, construída, pois o Brasil está adentrado na mesma lógica que rege o resto do mundo. A sociedade está totalmente inserida nas relações de produção do capitalismo e nas suas instituições. Deste modo, não é possível compreender a sociedade sem antes entender o papel do capitalismo como uma influência nos comportamentos. Para essa compreensão, Weber fundou um método baseado na teoria da ação social.
Weber diz que a sociologia é a ciência das ações, pois em todas as sociedades pode-se perceber comportamentos iguais entre os indivíduos. Mesmo que suas ações sejam motivadas por milhares de razões, existem motivos semelhantes aos dos outros e, é portanto, a interpretação desse sentido da ação social que Weber define como o objeto de estudo. Deste modo, essa ciência aplica-se no entendimento de um país no qual muitas ações são consideradas incompreensíveis e até absurdas, em que não se sabe por que um grupo age e pensa de uma certa forma, ou por que apoia tal candidato.
Para lidar com isso, pode-se juntar evidências e criar um tipo ideal. Essa é uma ferramenta que Weber fundou para tentar interpretar as ações das pessoas, a criação do tipo ideal é nada mais do que conceitos criados sobre um grupo para entender o que o move, quais as motivações e os valores. No entanto, é importante frisar que esse tipo ideal garante um caráter universal, tornando-se apenas uma hipótese, assim, muitas vezes não corresponde com a realidade de fato. Contudo, esse método não deve ser descartado, uma vez que é um ponto de partida para confrontar a realidade.
No momento que percebe-se que são os valores e ideais que guiam a ação social, é necessário se atentar às instituições. Estas foram edificadas no Ocidente e se tornaram responsáveis por racionalizar a conduta da massa, sendo as principais: o Estado e o Mercado. Os dois estão interligados, pois na sociedade que está dentro das relações de produção capitalista, o Mercado competitivo se torna o centro, e o Estado, o ente que responde aos seus interesses.
Em suma, tem-se as instituições com os seus valores e ideais enquadrando a ação social, dando a razão para determinados comportamentos. E por outro lado, as relações de produção capitalista engendram nas Instituições, organizando-as mediante as suas ferramentas. Por isso, Weber acreditava que o capitalismo originava-se como um ideal, e a partir dele, o sistema ia sendo construído.
Deste modo, o que acontece no Brasil não é típico ou isolado, mas sim é o mesmo que em outros países onde vigora esse sistema. Segundo Jessé Souza, “é a sociedade, com suas instituições específicas, que cria os indivíduos como eles são, e não o contrário.” A partir disso, entende-se que a dificuldade de enxergar com clareza o que acontece ao nosso redor diz respeito à cegueira que temos de encarar os fatos, cegos pela ideologia que nos é imposta. Destarte não só acabamos achando que o Brasil é difícil de se compreender, que não é um país para principiantes, como também ficamos sujeitos a reproduzir os comportamentos regidos pelo sistema.
*Luisa K. Herzberg
1º semestre Direito matutino
Turma XXXVIII
Nenhum comentário:
Postar um comentário