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quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Uma realidade indecorsa para pessoas dignas

     O brasil é um país rodeado por entraves sociais, econômicos, políticos e sociais. Muito é dito e pouco aplicado, no país do faça o que digo, mas não repita o que eu faço. Essa é uma lógica comum vivida no cotidiano da sociedade brasileira, ela é recorrente em diversas classes sociais e pode ser relacionada com a ação social de Max Weber. Isso porque os indivíduos que aqui vivem acreditam que uma mesma ação tem valores diferentes quando realizadas por pessoas de classes diferentes. É completamente inegável que o sentido das coisas por aqui é quase que incompreensível, como pode o "jeitinho brasileiro" ser aceito, mesmo sendo uma transgressão? Simples, tudo depende de quem o aplica.

    Dizem que devemos colocar as coisas no lugar certo e que só podemos melhorar como país quando as leis forem seguidas. No entanto, permanece oculta uma parte desse raciocínio, isso só se aplica aos marginalizados e esquecidos. Percebamos que no Brasil existem "empresários" do tráfico que saem em liberdade porque têm condições dignas de vida, como o exemplo dos "confeiteiros da maconha". Caso, no qual a justificativa para o Habeas Corpus  constante no site do Tribunal de Justiça de São Paulo inclui residência fixa e ocupação lícita dos integrantes da quadrilha. isso, em oposição a superlotação de presídios, que segundo o SAP do Governo de São Paulo, mais de 50% da população carcerária não possuí condenação em julgado, além de ser majoritariamente de baixa renda e negra. Exemplos como esse demonstram como a sociedade brasileira se importa mais com quem comete o delito do que com o delito em si. Assim, perpetua-se a ideia de que: com tanto que as classes privilegiadas não sejam afetadas, a sociedade clama pela "justiça".

    O que não podemos é culpabilizar exclusivamente a população, pois, mesmo que a origem da ação social de Weber seja baseada no indivíduo, Jessé Souza demonstra que existem fatores externos que podem implicar em diferentes indivíduos. Souza afirma no livro "A ralé brasileira" que as instituições são dotadas de valores, e que elas têm a capacidade de interferir na ação social. Por exemplo, o mercado capitalista que é capaz de determinar valores para as pessoas de acordo com os bens que elas utilizam. Grandes companhias de marketing fazem fortunas estabelecendo códigos de conduta e vestimentas para determinados grupos sociais, fato esse, que influencia a própria ação social, a qual é a essência do ser humano para Weber. Nesse sentido, cria-se uma ralé que será ignorada, porque não possui os símbolos necessários para a dignidade e ao mesmo tempo não têm o mínimo para garantir suas necessidade básicas, sendo assim, chamadas de preguiçosas e sem mérito.

    É assim que um país torna-se difícil de compreender. Os motivos de ser aceitável o "jeitinho" e a determinação de padrões para a aceitação em grupos sociais são justificados por ideias de exclusividade, na qual uma parcela da população esconde "sobre a nudez forte da verdade, o manto diáfano da fantasia" (QUEIROZ, 1987) a desprezível lógica da perpetuação do privilégio em detrimento da subversão dos oprimidos. Pouco é considerado injusto em um país onde o dinheiro determina o valor do indivíduo e a gravidade dos delitos, sempre baseando-se em sua condição financeira e social.

Álvaro Galhanone - 1˚ano Direito Noturno

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