Algumas perguntas devem ser pensadas quando o tema é os problemas que o Brasil enfrenta. De quem é a culpa? Quem vai resolver? É muito simples entender a realidade de forma rasa e superficial, vendo os velhos e novos problemas de forma isolada e não como consequências de toda história deste país. Dificuldades tão enraizadas são frutos de anos e mais anos de erros humanos.
No entanto, como todo bom brasileiro, ninguém assume a culpa de tanto estrago. “Talvez seja nossa herança portuguesa, ou eventualidades que acontecem ao longo do tempo. O fato é que a responsabilidade não é nossa!” Ignorância, inocência ou pura maldade? Quem afirma tal coisa é um dos três, porque se o Brasil enfrenta o que enfrenta hoje é por erro próprio. Erro de quem manda no país e o leva para caminhos errados.
O povo, sem nem se dar conta, sofre uma dominação constante dos mais poderosos. O trabalho deixa de ser sustento e passa a ser símbolo de honra, afinal, quem trabalha nega o ócio. Os valores passam a ser hierarquizados e institucionalizados, e a dominação passa a ser “natural”. Esses são alguns dos apontamentos da obra de Jessé Souza sobre a atuação das instituições fundamentais na transformação do comportamento das pessoas.
Toda essa dinâmica é justificada com uma suposta meritocracia, onde todos ganham o equivalente às horas trabalhadas. Ponto crucial que raramente é levado em conta nessa discussão, é a desigualdade que permeia a ideologia do mérito. As condições sociais prévias de cada indivíduo influenciam na sua possibilidade de crescimento. As cotas, ponto polêmico da atualidade, visa tornar mais justa a concorrência de uma vaga para o vestibular, por exemplo. A necessidade dessa ferramenta é justamente tentar eliminar essa disparidade no acesso ao conhecimento entre as diferentes classes.
E quem vai vencer esses empecilhos? A sociologia, que vem tentando abrir os olhos de todos e mostrar o controle que o Estado e o mercado exercem em nossas vidas. Essa dominação, que é visível no dia a dia, afeta os indivíduos em suas esferas mais íntimas. Hoje, ser original é usar roupas e sapatos únicos, ninguém mais pensa na originalidade de pensamento. As redes sociais só servem para confirmar isso, ao mostrar uma busca sedenta por novidades e inovação. Frente a todas essas adversidades só nos resta perguntar: o que aconteceu com o Brasil?
Laura Lopes de Deus Pires - Direito matutino
Turma XXXVIII
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