Lá vem o Brasil descendo a ladeira! País de difícil compreensão esse! Afinal, como imaginar milhares de pessoas indo às ruas no dia sete de setembro de dois mil e vinte e um, em uma manifestação favorável a uma elevadíssima taxa de desemprego, a uma conta de luz altíssima, ao dólar acima de cinco reais, à gasolina a sete reais e a todas as milhares de mortes ocorridas durante a pandemia, que poderiam ter sido evitadas se não fosse por um governo negligente?
Cabe então tentar entender a situação e os brasileiros por uma prisma sociológico. Na tentativa de compreender o ser brasileiro, diversas teorias já foram concebidas, a exemplo do homem cordial, que precisa expandir o seu ser na vida social, não suportando o peso da individualidade, de acordo com o sociólogo Sérgio Buarque de Holanda, em seu clássico livro de 1936 "Raízes do Brasil". Apesar dessa e de outras teorias de vários pensadores importantes, como Gilberto Freyre e Florestan Fernandes, remontarem ao conceito de patrimonialismo - que se desdobra em clientelismo, nepotismo, populismo, etc. - de Weber, há quem faça outras interpretações do porquê o Brasil ser assim para além do patrimonialismo.
Para o sociólogo Jessé Souza, atribuir todo o jeito de ser dos brasileiros ao patrimonialismo é um erro, uma vez que seria afirmar que a corrupção, por exemplo, é um traço inerente e indissociável dos brasileiros, proveniente dos primeiros portugueses que aqui pisaram em 1500. Jessé centraliza a principal causa da crise que o Brasil enfrenta justamente na desigualdade e na patologia que ele descreve como: "o Brasil é um país doente, patologicamente doente pelo ódio de classe [...] o ódio patológico ao pobre". Ele diz que os brasileiros nunca fizeram a autocrítica de que são filhos da escravidão e de tudo que ela traz: a desigualdade, a humilhação e o abandono da maior parte da população.
E de fato, o que explicaria a ascensão de Jair Bolsonaro se não o desejo de uma classe privilegiada de reproduzir os seus privilégios em meio a uma sociedade desigual? Para Jessé, o tema da corrupção ou melhor, de combate à corrupção, que Bolsonaro tanto pregou, serve apenas para esse fim, de reprodução de privilégios e da manutenção de um falso moralismo (que Bolsonaro e seus seguidores bem compreendem). Eu, sinceramente, mera estudante, continuo confusa e sem respostas... pior que tá... fica.
Laura Ruas - Matutino, 1° Ano
Nenhum comentário:
Postar um comentário