A
partir dos estudos de Sara Araújo, é possível expor o que a autora chama de
linha abissal, posta entre Norte e Sul, fato estabelecido não só de maneira geográfica,
mas também epistemológica, abrangendo todos os tópicos que não são abordados de
forma hegemônica, como raça, sexualidade e gênero, por exemplo.
Sara
aponta como o direito, assim como a ciência em geral, legitima o modelo capitalista
e dominante imposto atualmente, este que valoriza mais os mercados do que as
pessoas em si, o que fica explícito ao analisar o julgado do caso de Matheus
Gabriel Braia.
O
ex-aluno de medicina da UNIFRAN recebeu acusações que apontavam que seu
comportamento no trote da universidade, visando à recepção dos calouros, foi de
teor machista e misógino, além de realizar apologia ao estupro.
O
caso de Matheus é apenas um dos exemplos de como este abismo promovido (neste
caso tendo em foco a questão de gênero) é legitimado pelo modelo capitalista e
dominante, como já citado, que o machismo se posiciona.
O
abismo construído já vem sendo internalizado há anos, a ponto de fazer com que
situações que vão contra os valores de equidade, estes que hoje são visados por
muitos, pareçam atos cotidianos, ou seja, que são naturais e não devem ser
rebatidos, apenas aceitos.
Além
das falas do ex-aluno, a afirmação da linha abissal é provada pela sentença que
lhe é atribuída, quando a juíza responsável o absolve das acusações e critica o
feminismo no processo, apresentando a quase impossibilidade de superação do
abismo.
Assim,
fica clara a essencialidade do investimento e apoio a causas não hegemônicas,
que fogem do Norte e dão voz ao Sul, em busca de maior equidade social como
meio de alcançar respeito e ter acesso aos direitos que priorizam indivíduos, e
não mercados. Então, mesmo que pareça impossível ultrapassar a linha abissal, a
manifestação do desejo de mudança deve ocorrer de forma explícita.
Isabella Anjos - 2° Semestre – Direito Diurno
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