Total de visualizações de página (desde out/2009)

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A justiça contemporânea e sua transformação no ensino

 

Boaventura de Souza Santos, em seu livro: “Para uma revolução democrática da justiça”, discorre sobre as possibilidades e medidas necessárias para tornar a justiça uma prática popular e não apenas concebível por uma parcela da população, ou seja, com seu funcionamento a partir de uma perspectiva contra hegemônica. Para isso, diante das novas demandas contemporâneas, o alargamento do acesso à justiça torna-se uma pauta a ser discutida nos mais diversos aspectos, entre elas a transformação no ensino jurídico.

A princípio, para tornar o ambiente jurídico mais democrático é necessário a ampliação do espaço dos possíveis, para que assim as alternativas de resolução de conflitos não entrem em impasse com a realidade. Dessa maneira, o Estado funciona como um novo movimento social, diante dos julgamentos que são necessários as quebras de paradigmas para a efetividade da justiça.

Nesse sentido, a ação de obrigação de fazer julgada pelo juiz Fernando Antônio de Lima, referente à cirurgia de transgenitalização, pode ser um exemplo de quebra de paradigma. Diante dessa situação, o juiz autoriza a cirurgia de mudança de sexo requerida pelo indivíduo, além de autorizar a mudança de seu nome em seu registro civil. Esse caso em questão, demonstra como o Estado agiu na quebra de um paradigma, ao aproximar o direito do grupo social que o vê distante da sua realidade.

Porém, é necessário entender que essa decisão não parte de uma vontade única e exclusiva do operante do direito- que representa o Estado- pois é a partir de pressões populares, mobilizações sociais e lutas identitárias que casos como esse são vistos com outra perspectiva diante do cenário jurídico. Assim, a concretização só ocorre de fato a partir de movimentos populares, que querem se aproximar do direito e transformar o ensino jurídico.

Portanto, a mudança do ensinamento jurídico que ocorre através das lutas populares é a principal modelagem para a justiça democrática atual, pois assim, grupos que até então tiveram seus direitos negados, levam suas pautas ao âmbito jurídico e consequentemente transformam o entendimento do direito na área da luta, ao deixar as decisões hegemônicas para trás- fato visível no caso do julgado apresentado.

Pedro Cardoso - 1° Ano Matutino 

Nenhum comentário:

Postar um comentário