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segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

A arcaicidade do direito brasileiro

 

Boaventura de Sousa Santos, em seu livro “Democratizar a Democracia” versa sobre os vícios nada democráticos que as democracias modernas apresentam. A crítica de Boaventura decai sobre a influência que as ideias neoliberais tiveram nas democracias pós Segunda Guerra, devido ao fenômeno de globalização, o regime democrático adquiriu um caráter hegemônico e por conseguinte monopolizou os instrumentos de poder nas classes mais abastadas e nos países imperialistas, contrastando com a tese de Sara Araújo onde os países do Norte regem as democracias do Sul, influenciando-as por meio de seus ditames velados.

Em razão de tal influencia, as diferentes realidades presentes em cada país, cada qual com suas diferentes nuances, são marginalizadas pelo direito e pelo sistema democrático em si. Um exemplo concernente a dominação dos poderosos perante os menos afortunados na democracia brasileira foi a desocupação da comunidade do Pinheirinho onde mais de 6 mil pessoas foram desalojadas de suas casas, escorraçadas de maneira truculenta pela polícia a mando do poder judiciário. Os meandros da efetivação da desocupação foram bastante obscuros, visto que a empresa Selecta não exerceu a posse do terreno, a liminar utilizada na reintegração não se enquadrava e a propriedade não cumpria sua função social.

Diante de tantas irregularidades, é no mínimo questionável se não houve quaisquer intervenções por meio de pressões políticas e econômicas, visto que um dos donos da empresa Selecta era Naji Nahas, famoso especulador financeiro e integrante da elite brasileira. Em contraposição, o pensamento de Boaventura enseja uma corrente contra hegemônica, principalmente na área do direito, que como visto no julgado, é instrumentalizado a favor dos poderosos, sendo uma das razões a falta de auxílio e de conhecimento jurídico para a população menos favorecida.

Em suma, como demonstrado por meio das irregularidades do julgado, a estruturação do direito carece de uma intensa reformulação, visando um entendimento mais facilitado para que seu conhecimento não fique restrito apenas à bacharéis de direito. Também urge que os defensores públicos exerçam um papel de protagonismo, fortalecendo a representatividade das camadas desfavorecidas da sociedade, assim como uma remodelação do ensino jurídico para a formação de juristas preocupados em solucionar o abismo de direitos presente no Brasil desmantelando o status quo de injustiças socias como foi o caso Pinheirinhos.

Gabriel Bastos Borges - 2º Semestre / Noturno - Turma XXXVIII

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