Ame ou odeie, é impossível negar a influência dos Estados Unidos na geopolítica global. Seja por influência econômica ou militar, os EUA se tornaram um verdadeiro "Norte", servindo de exemplo para muitos países subdesenvolvidos o que significa ser uma democracia. Porém essa influência nem sempre é positiva. Recentemente, entrou em processo na suprema corte dos EUA uma análise para reverter o precedente deixado pelo caso Roe v. Wade, responsável pelo progresso do direito reprodutivo feminino no país, com todo o intuito aparente dos juízes para reverter isso. Isso sem dúvida iria ser um enorme retrocesso dentro do país, aumentando a "linha abissal" de Araújo entre o norte (homens) e o sul (mulheres).
O aumento dessa linha é refletida então nos países do "sul" mundial, que sob a noção de ser preciso seguir o exemplo do "norte" como fonte de sabedoria, que aumentam assim também suas diferenças, sendo refletido de forma legal como no caso dos EUA ou pela visão popular sobre a situação. Esse efeito de cascata acaba então não aumentando somente a linha entre dois grupos, mas entre vários. Uma mulher do sul, que já é considerada inferior por seu país de origem, acaba supostamente se tornando ainda mais inferior ao homem de seu país e ainda mais a um homem de um país do norte.
Essa "linha vezes dois" é representada por exemplo na Tailândia, um país onde muitas mulheres, por vezes extremamente jovens, são forçadas dentro do mundo da prostituição por pais ou maridos servindo especialmente turistas ricos que visitam a região, diminuindo essas mulheres a basicamente propriedade.
Por isso Araújo se faz importante em entender que por mais que pareça inútil lutar ou protestar uma decisão feita em um país à milhares de quilômetros do seu, os efeitos em um mundo globalizado são importantes demais para nos mantermos calados. Se é o desejo das elites que o seu direito seja internacionalizado, é nosso dever interferir no direito deles.
Direito - Turma XXXVIII
Matutino
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