Mais da metade da população brasileira é negra.Mas a sociedade racista que viveu com cerca de quatrocentos anos de escravidão - a sociedade brasileira - ainda tenta manter a exclusão dos negros como uma realidade.
São parte importante do panorama cultural do país, aliás, não só foram os africanos que vieram obrigados para as terras tupiniquins, mas os seus descendentes e suas misturas e invenções com matrizes indígenas e europeias, que contribuíram com uma enorme parcela do que comemos, do que dançamos, rezamos, vestimos, cantamos e muito mais. Apesar disso, nas novelas, nos filmes e no cenário musical produzidas no Brasil, a presença do negro é sempre a excepcional.
São parte importante da força de trabalho do país. São eles que preenchem grande parte dos postos de trabalho que, em conjunto com toda sociedade, fazem a economia do país progredir. Apesar disso, por conta de questões históricas e do preconceito que a história proporcionou, os cargos de maior destaque e prestígio são ocupados, na esmagadora maioria, por pessoas brancas.
São parte importante da sociedade brasileira, pois antes de serem diferentes do padrão determinado pela hegemonia eurocentrista, são serem humanos. Isso por si só deveria fazer com que, após mais de cem anos da libertação da escravidão, o Brasil se encontra-se numa realidade diferente da atual : uma sociedade mais igualitária.
Apesar de serem parte integrante, apesar de serem a maioria e apesar de também serem seres humanos, sua dignidade é fragilizada muitas vezes durante o dia. O negro não se vê representado, ele precisa afirmar muitas vezes sua capacidade para realizar tarefas que todos realizam, muito mais que um branco; ele precisa encarar atos de discriminação racial nas calçadas, nas praças e nos shoppings, ele dificilmente consegue caminhar sobre sua trajetória sem ser julgado pela cor de sua pele, o que a torna mais difícil que a do resto das pessoas. As trajetórias negras são ainda mais longas e dolorosas que as brancas.
Num país onde o preconceito é velado, e só se consegue perceber, de fato, a desigualdade racial quando são posta as estatísticas, a judicialização entra como um mecanismo de atender uma necessidade, um anseio da população que ainda não foi ouvido pelo executivo e legislativo. No caso da política de cotas raciais, aplicado na Universidade de Brasília, a defesa do STF em considerá-la constitucional, rompe com a tentativa do DEM de inviabilizar tal política.
Apesar de ser uma medida temporária e com falhas no modo de sua execução, é a política de cotas raciais que tenta equiparar as jornadas dos negros com as demais, num país que, torna diariamente a jornada negra mais árdua pelo puro preconceito ou pelas inevitáveis heranças históricas do passado escravocrata brasileiro. É uma medida que, dá um primeiro passo na tentativa de igualar tais jornadas e, com isso, alcançar o que está previsto no artigo 5º da Constituição federal : o princípio da igualdade.
Ádrio Luiz Rossin Fonseca - TURMA XXV - DIURNO
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