Segundo
Garapon, a judicialização é um fenômeno social, o qual ocorre pelo
desenvolvimento democrático, e pode ser definido como uma dinâmica de transbordamento
dos conflitos políticos e sociais, os quais, adentram no Poder Judiciário, pela
falência do Executivo e do Legislativo, que não abordam assuntos de tais âmbitos.
Esse fenômeno se
intensificou, nos últimos anos, devido à descrença da população nos poderes
representativos, os quais mantêm o conservadorismo ou se abstêm de decisões de domínio
social. Logo, os indivíduos vêm no Judiciário, principalmente no Supremo Tribunal
Federal, a “salvação” para tais questões, por meio do ativismo judicial, assim
como, a efetividade do Direito.
Como exemplo do ativismo judicial, está a
atuação da Suprema Corte na decisão à favor das cotas raciais, na Universidade
de Brasília (UnB) as quais são constitucionais, uma vez que garantem aos jovens
negros o acesso à universidade, representando a justiça compensatória, a
igualdade e o combate ao preconceito. Em contrapartida, o Partido Democratas, por
ser à favor da meritocracia, alegou inconstitucionalidade. Porém, devido às desigualdades
sociais e econômicas, que existem no Brasil, entre as etnias, decorrentes de
anos de escravidão, o STF decidiu à favor das cotas.
Entretanto, essa
excessiva confiança nos juízes e tribunais faz com que eles adquiram imagem política,
sendo idolatrados pelo povo, como ocorreu com Sérgio Moro e Joaquim Barbosa, os
quais se tornaram “ídolos” após decisões de interesse coletivo, e agora, são
clamados pelas pessoas para serem candidatos à presidência do país, portanto, há
confusão entre o meio jurídico e o meio político. De acordo com o Ministro Luiz
Roberto Barroso, há “fluidez entre política e justiça no mundo contemporâneo”. Além
de, segundo Ingeborg Maus, ser um método dos outros poderes definirem apenas
questões triviais e sobrecarregarem o Judiciário, o qual passa a definir a conduta da sociedade.
Desse modo,
fica evidente a dicotomia existente, que se refere à judicialização. Haja vista
que ela defende os interesses das minorias, em assuntos considerados polêmicos, mas pode se tornar um instrumento
político à favor das classes dominantes. Assim, o mais correto seria haver
ponderação, recuperando o papel do Executivo e do Legislativo, para não
sobrepesar o Judiciário.
Beatriz B. Buccioli - Noturno
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