No ano de 2012,
após diversos anos de discussões, foi promulgada a lei das cotas, que prevê que
50% das vagas universitárias devam ser destinadas a negros, pardos, indígenas,
e pessoas oriundas de escolas públicas e de baixa renda. Das muitas criticas
que essa lei sofre, como acusações de ser racista, por distinguir as pessoas em
raças, por extinguir a “meritocracia”, entre outras, uma das mais recorrentes é
de não ser legitima, já que o poder judiciário, STF, que discutiu e aprovou, e
não o poder legislativo, que traz a tona o problema da judicialização.
A principal
critica quanto a judicialização é que as questões que deviam ser
tradicionalmente tomadas pelo poder legislativo, que é quem detém a legitimidade,
pois são representantes do povo eleito pelo povo, são tomadas pelo poder
judiciário, que são concursados, ou seja não representam o povo e dão uma
impressão de uma certa aristocracia.
Entretanto se
formos analisar a composição do Congresso Nacional, veremos que os ditos
representantes que estão ali são homens brancos, ricos, acima de 35 anos, e
ainda por cima defendem interesses em sua maioria econômicos, quer dizer então
que a população brasileira é monocromática, abastada, cisgênera. Fica difícil esperar
que os representantes do povo, que não os representam, seja no recorte racial,
de gênero, social, etc, tomem parte de pautas sócias tão delicadas como as
cotas.
Não que todas as
demandas delicadas ou complexas tem que ficar apenas na mão dos tribunais,
nosso sistema legislativo que deve ser reformulado, para que seja mais
representativo, ainda sim o STF, talvez, seja a instituição de poder mais representativa
do Brasil, a mais alta corte brasileira já presidida por Joaquim Barbosa, um negro
que veio da pobreza, o ex-Ministro é clássico recorte populacional brasileiro
que tem tudo para não alcançar uma posição de destaque, atualmente é presidido
por uma mulher, a Ministra Cármen Lúcia, o STF, mesmo que de maneira insipiente, é representativo,
é a instituição que te a sensibilidade de discutir pautas sócias polêmicas e necessárias
como as cotas, o aborto, a legalização das drogas, etc.
A judicialização
no Brasil, atualmente é necessária, principalmente em um momento de extremo
conservadorismo e retrocesso, onde há um Congresso Nacional, que quer aprovar o
estatuto da família, retirar os direitos, conquistados a duras penas pelo STF,
dos casais homo afetivos, criminalizar o uso de drogas, entre outros absurdos.
A judicialização tem demostrado ser uma guardiã das demandas sócias, ela tem
sido efetiva enquanto não reformamos nosso poder legislativo, foi graças à ela
que jovens pobres e negros tem acesso à universidade, que casais homo afetivos
podem se casar, a judicialização é por enquanto uma representatividade
insipiente necessária.
Yannick Noah Ferreira Silverio – Turma
XXXV(matutino)
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