Augusto Comte foi um dos mais importantes
e influentes filósofos contemporâneos, considerado fundador da Sociologia e do
Positivismo, suas obras exerceram grande impacto no mundo ocidental entre os
séculos XIX e XX e, no Brasil, serviram de embasamento para a proclamação da
República, sendo o lema "Ordem e Progresso" a síntese das principais
ideias de Comte.
No "Curso de Filosofia
Positiva", Comte expõe a ideia de que o desenvolvimento humano individual
e coletivo se da em três estágios: o estágio teológico, onde se busca as causas
finais e primeiras de todos os acontecimentos através de crenças, divindades e mitos;
o estágio metafísico, que se apresenta como uma modificação do primeiro, no
qual as mistificações são substituídas por outras entidades não explicadas
cientificamente; e, por fim, o estágio positivo, que seria o maior grau de
amadurecimento do conhecimento humano, pelo qual o homem reconhece a
impossibilidade de obter noções absolutas, desiste de buscar a causa das coisas
para descobrir, por meio da observação, do raciocínio e da ciência propriamente dita, leis efetivas e
relações de sucessão e similitude entre os fenômenos.
O filósofo também exalta a necessidade da
criação de uma categoria distinta para o estudo dos fenômenos sociais devido às
dificuldades e à complexidade na formulação de conhecimentos nessa área, ainda
fortemente vinculada a métodos teológicos e metafísicos. Para isso, ele funda a
física social, implantando o positivismo como forma de investigação e
argumentação nas análises e teorias sociais, a fim de reformular a sociedade de
modo a obter e manter a ordem e, consequentemente, o progresso.
As contribuições de Comte para a
Sociologia e para a estabilização da sociedade pós Revolução Francesa e
Revolução Industrial foram de suma importância. Porém a aplicação dessas mesmas
ideias na atualidade tornou-se preocupante. Enxergar com espanto manifestações
populares e jovens de periferia se deslocando para o que deveria ser os espaços
reservados às classes mais abastadas, ao mesmo tempo em que se considera
completamente correta a ação dos chamados justiceiros, é normal? Clamar pela
volta de um regime militar que impunha a ordem, censura e ausência de
liberdade, mas como resultado obtinha o progresso econômico,
torturas, desaparecimentos e mortes, é normal? Será que exigir que cada cidadão
ocupe e exerça obedientemente, seu papel numa sociedade marcada por desigualdades
e injustiças de diversas naturezas para que se mantenha a ordem, realmente
significa progresso?
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