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domingo, 20 de abril de 2014

Ordem e Progresso?

Augusto Comte foi um dos mais importantes e influentes filósofos contemporâneos, considerado fundador da Sociologia e do Positivismo, suas obras exerceram grande impacto no mundo ocidental entre os séculos XIX e XX e, no Brasil, serviram de embasamento para a proclamação da República, sendo o lema "Ordem e Progresso" a síntese das principais ideias de Comte.
No "Curso de Filosofia Positiva", Comte expõe a ideia de que o desenvolvimento humano individual e coletivo se da em três estágios: o estágio teológico, onde se busca as causas finais e primeiras de todos os acontecimentos através de crenças, divindades e mitos; o estágio metafísico, que se apresenta como uma modificação do primeiro, no qual as mistificações são substituídas por outras entidades não explicadas cientificamente; e, por fim, o estágio positivo, que seria o maior grau de amadurecimento do conhecimento humano, pelo qual o homem reconhece a impossibilidade de obter noções absolutas, desiste de buscar a causa das coisas para descobrir, por meio da observação, do raciocínio e da ciência propriamente dita, leis efetivas e relações de sucessão e similitude entre os fenômenos. 
O filósofo também exalta a necessidade da criação de uma categoria distinta para o estudo dos fenômenos sociais devido às dificuldades e à complexidade na formulação de conhecimentos nessa área, ainda fortemente vinculada a métodos teológicos e metafísicos. Para isso, ele funda a física social, implantando o positivismo como forma de investigação e argumentação nas análises e teorias sociais, a fim de reformular a sociedade de modo a obter e manter a ordem e, consequentemente, o progresso.
As contribuições de Comte para a Sociologia e para a estabilização da sociedade pós Revolução Francesa e Revolução Industrial foram de suma importância. Porém a aplicação dessas mesmas ideias na atualidade tornou-se preocupante. Enxergar com espanto manifestações populares e jovens de periferia se deslocando para o que deveria ser os espaços reservados às classes mais abastadas, ao mesmo tempo em que se considera completamente correta a ação dos chamados justiceiros, é normal? Clamar pela volta de um regime militar que impunha a ordem, censura e ausência de liberdade, mas como resultado obtinha o progresso econômico, torturas, desaparecimentos e mortes, é normal? Será que exigir que cada cidadão ocupe e exerça obedientemente, seu papel numa sociedade marcada por desigualdades e injustiças de diversas naturezas para que se mantenha a ordem, realmente significa progresso?

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