Auguste Comte, o pai do positivismo, foi um exponte que englobava os principais aspectos de sua época de uma maneira única. Originário da época em que a França vivenciava o governo de Napoleão Bonaparte, foi fruto das escolas técnicas criadas pelo Imperador, que visava a industrialização do país. Somado a essa formação cientificista, incorporou completamente as obras de René Descartes e de Francis Bacon sobre a epistemologia científica, consolidando uma nova escola de pensamento assim como uma nova área do conhecimento: a sociologia.
"O amor por princípio e a Ordem por base; o Progresso por meta". Estando assim definida a linha de pensamento do positivismo, Comte deixa claro a rigidez científica de sua filosofia, e, mais importante, seu fim: o progresso técnico. No entanto, é passível de dúvida como que seria alcançado progresso técnico em uma área de estudo tal como a sociologia, ou física social, como a chama o autor. Com a devida análise, em que o exemplo mais claro é o lema positivista da bandeira brasileira, "Ordem e Progresso", fica evidente que a influência de tal campo do conhecimento no avanço pretendido pelo autor seria justamente através da instauração de ordem social.
Tomava-se como essencial para a manutenção da ordem que certos princípios básicos fossem tidos por toda a população, e que também abrissem mão de certos conceitos "obsoletos" em prol do bem comum, caso contrário resultaria em uma total anarquia intelectual e um Estado e instituições frágeis e temporários.
Na prática, a manutenção da ordem em conjunto com as "leis sociais" e a necessidade da "extirpação" de certos conceitos para a estabilidade estatal mostram uma tendência à ditadura. Justamente o conceito de "ordem" traz consigo uma disciplina que, em teoria, não deveria ser quebrada, que explica a grande aceitação das forças armadas ao positivismo, sendo um exemplo clássico o exército brasileiro.
Ao tentar enquadrar uma "física social" nos mesmos moldes das outras ciências, Comte não leva em conta a mutabilidade do homem, que, de acordo com Maquiavel, é a única constante em nossa espécie, ou seja, as instituições sempre serão transitórias. Embora os esforços para a criação da sociologia sejam louváveis, com grandes implicações no entendimento da sociedade, a mesma, se tida como ferramenta de controle, inevitavelmente será fracassada ou imposta à força.
Lucas Laprano - 1° ano Direito Noturno - Turma XXXI
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