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segunda-feira, 10 de abril de 2023

 

Estamos constantemente em guerra com outros mundos? - A realidade de apagamento dos povos indígenas brasileiros pela ótica do funcionalismo

A mais de quinhentos anos a guerra é um estado permanente para os indígenas, a desde 1500 essa população não possui trégua. A partir do primeiro contato entre os povos nativos e os europeus, criou-se uma ideia de humanidade atrasada versus humanidade civilizada, em que os “civilizados” seriam os europeus, de modo que se ignorou a perspectiva funcionalista de que é preciso olhar para cada sociedade como uma análise única, a partir do ambiente e do contexto na qual elas estão inseridas a fim de que se compreenda que cada povo possui seus próprios valores e crenças que projetam seus próprios fatos sociais. Dessa forma, a partir do contato entre essas duas humanidades distintas, iniciam-se várias guerras contra os povos nativos e a soma dessas guerras forma uma guerra ainda maior: a de tentar formar uma única humanidade civilizada.

Essa guerra justa foi se intensificando de tal maneira que foi necessário que os indígenas mostrassem sua resistência e lutassem por uma lei que de fato os protegessem, já que havia uma coerção social de que esses povos deveriam seguir os preceitos brancos, como por exemplo adotar o fato social coercitivo de que todas as sociedades devem ser cristãs e que só os cristãos são genuinamente bons. A Constituição de 1988, em sua teoria, reconhece a cultura dos índios e suas formas de organização, distingue que as terras indígenas são necessárias para a reprodução física e cultural dos indígenas. Entretanto, é preciso salientar que esses direitos foram conquistados a partir das guerras que os índios já estavam lutando e a partir da resistência desses povos. Tal resistência que se forma como uma tentativa dos diferentes grupos indígenas de contarem sua própria história e impedir com que a voz dos brancos seja colocada como a voz universal, numa tentativa de tirar a história dos povos originários de um lugar de silenciamento.

Essas lutas ainda não cessaram e a resistência dos povos indígenas continua como uma forma de sobrevivência. Em meio a esses conflitos surgem figuras que querem sair da margem e do silenciamento para que a produção de conhecimento deixe um local elitizado, branco e brando. São pessoas como Sônia Guajajara, a qual é professora e enfermeira, Tucumã Pataxó que é formado em gastronomia, Kaê Guajajara que é cantora e compositora e Maira Gomez, a qual é artista plástica. São vozes que querem mostrar que os indígenas fazem parte de toda a sociedade e atuam nela, que eles não precisam viver isolados em uma tribo na Amazônia para provarem que são índios, ou seja, buscam deixar o lugar de objeto de estudo e ir para o local de sujeito e de produtor de conhecimento.

Portanto, os povos indígenas atualmente lutam para resistir a coerção social imposta pela sociedade capitalista atual, sendo vistos como criadores de turbulência uma vez que saem da ordenação e das regras dessa sociedade vigente. Dessa forma, é preciso visualizar que os cidadãos originários do Brasil possuem suas próprias instituições culturais, crenças e valores que produzem uma coesão e uma estabilidade social própria e diferente de outras culturas ao redor do globo.

Ana Júlia Nogueira

RA: 231221819

1° ano Direito Matutino

 

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