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segunda-feira, 10 de abril de 2023

A perigosa generalização do coletivo

         Durkheim, sociólogo que estudou a sociedade europeia entre o final do século XIX ao início do século XX, utilizou como objeto de estudo de suas teorias sociológicas o fato social. O fato social, por sua vez, é a forma de pensar, agir e sentir moldado pela sociedade que, para o sociólogo, vai além da simples soma dos indivíduos que a compõem. Por conta disso, a sociedade deve ser analisada a partir das instituições sociais, que garantem a generalidade, exterioridade e a coercitividade presentes no fato social.

O funcionalismo de Durkheim, pressupõe que, uma sociedade funciona bem quando cada indivíduo cumpre sua função estipulada pela consciência coletiva, esta consciência é tecida pelos valores que chegam aos indivíduos pelas instituições longevas responsáveis por unir gerações. Assim, um fato social normal e aquele estático, que passou de geração a geração e qualquer dinâmica nesta ordem seria considerada uma patologia social.

As tese de Durkheim são válidas e problemáticas ao mesmo tempo, pois diferente do estipulado pelo sociólogo, há falhas significativas em generalizações. Por exemplo, quando o fato social é utilizado para analisar o comportamento dos jovens perante as redes sociais este se prova válido. Sua eficiência se mostra através da análise da mídia como instituição social, pois essa propaga em larga escala valores de maneira coercitiva e impositiva, criando uma consciência coletiva em escala global. Além disso, esse fato social explica os altos índices de depressão e ansiedade entre jovens pressionados a se moldarem de acordo com o que é amplamente curtido.  

Em contrapartida, as teorias se mostram extremamente problemáticas quando analisam o racismo. De acordo com Durkheim, o racismo seria um fato social normal, visto que é uma herança de valores, do qual além de se estender pela sociedade de maneira estrutural, é exterior aos indivíduos que são pressionados a se tornarem racistas. Logo, a análise sob tal ótica se torna completamente absurda por diversos motivos, dentre eles, considerar uma patologia social a criminalização do racismo e desresponsabilizar os atos racistas dos indivíduos.

 Logo, os estudos de Durkheim devem ser aplicados com cautela e criticidade, caso contrário, pode sustentar discursos retrógrados e preconceituosos. Pois, a consciência coletiva no mundo contemporâneo está diante de uma dinâmica que luta pelo protagonismo das pluralidades em meio a era midiática e aos conservadores fascistas.


                            

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