A Coletivização do Comportamento
David Émile Durkheim foi um filósofo francês que viveu entre o final do século 19 o começo do século 20 e é considerado por muitos como pai da sociologia moderna, já que foi um dos principais responsáveis por transformá-la em uma disciplina acadêmica, tendo a própria sociedade como principal objeto de estudo. Além disso, suas obras trouxeram contribuições que são relevantes até os dias de hoje, como o desenvolvimento do conceito de consciência coletiva, que defende a existência de um sistema formado pelo conjunto de características comuns aos integrantes de uma sociedade ou grupo social que confere uma sensação de pertencimento e identidade fundamental para o estudo da sociologia.
Dentre as ideias de Durkheim, a sua contribuição mais famosa para a sociologia moderna foi a criação do fato social. Para Durkheim, é fato social todo fenômeno que acontece dentro de uma sociedade, podendo aparecer em qualquer instituição social, de forma independente de vontades individuais, como padrões de comportamento que surgem a partir de uma força coletiva que possui poder coercitivo sobre aqueles que não os seguem, sendo essa coerção não necessariamente prescrita no Direito, mas que muitas vezes aparece na forma de constrangimento, que é suficiente para obrigar que a maioria dos indivíduos adotem uma determinada conduta. Ademais, a escritora Grada Kilomba descreve em seu livro “Memórias da plantação: episódios de racismo cotidiano” um ambiente acadêmico onde obras feitas por estudantes negros eram consideradas emotivas e racionais, o que exemplifica o uso de coração social, no caso o desmerecimento movido pelo preconceito, usado pelas pessoas inseridas naquele contexto para punir alguém que tenta se comportar de forma diferente da padronizada, como uma pessoa negra que tenta se inserir numa faculdade tipicamente frequentada por brancos.
Portanto, assim como no romance naturalista "O Cortiço", em que o protagonista do livro é o próprio ambiente em que os personagens vivem, a consciência coletiva se comporta como um organismo de vida própria e independente das individualidades daqueles que o compõe, enquanto que os fatos sociais são fenômenos resultantes dessa consciência, garantidos por um poder de coerção.
Pedro Paulo Sachetti - 1º ano de Direito (matutino)
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