A
consciência coletiva de cada dia
Laura
Bittencourt Padilha – 1° ano de direito noturno
RA:
231223421
Têm-se
como consciência coletiva ou consciência comum, de acordo com o filósofo e
sociólogo Émile Durkheim, o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à maioria
dos membros de uma mesma sociedade. Ela é difusa em toda extensão da sociedade,
completamente desligada das consciências particulares, produzindo sempre os
mesmos efeitos àqueles reféns desta.
Antes
mesmo de desenvolvermos nossa consciência individual, a consciência coletiva
nos molda por instituições sociais e contatos gerais com a sociedade. Maneiras
de agir, de pensar e de sentir são principalmente afetadas pelo pensamento coletivo
por conseguirem existir fora das consciências individuais.
A
exemplo de uma consciência coletiva, durante boa parte da história, canhotos
foram vítimas de preconceito cultural, social e religioso. Isso pois, a simples
predominância da coordenação motora na mão esquerda não estava presente na
maior parte das pessoas da sociedade. Como
Durkheim afirma: esses tipos de conduta ou de pensamento não apenas são
exteriores ao indivíduo, como também são dotados de uma força imperativa e
coerciva em virtude da qual se impõem a ele quer ele queria, quer não.
Há
presente no conjunto social uma pressão, que tende a moldar o indivíduo de
acordo com os princípios de um coletivo, reduzindo, muitas vezes, o desenvolvimento
de princípios individuais que transcendam o pensamento da maioria. Ao não se submeter
aos pensamentos e ações comuns, mesmo as mais simples, como não se vestir de
acordo com os costumes de seu país e sua classe, um estranhamento social é
provocado e, muitas vezes, pode desencadear uma exclusão social daquele que não
seguir à risca a consciência coletiva. Tal característica é presente da alegoria
de Platão, ao representar que, quando um dos habitantes da caverna se liberta das
correntes, que o prendiam e começa a enxergar a vida de forma diferente, é tomado
como equivocado por aqueles que permaneceram presos à caverna e, assim, aos
pensamentos coletivos que os limitavam de ver o todo.
Por
meio de um poder de coerção e imposição, as consciências individuais são
moldadas e estruturadas para seguirem o coletivo e sentir certa aversão por aquele
que se enquadrar fora desse senso comum. No desenho Wall-e, da Pixar, percebe-se
que as maneiras de pensar, de agir e de sentir dos indivíduos que habitam a
nave espacial, onde a história do desenho se passa, são exteriores aos indivíduos.
O desenho faz uma analogia à sociedade que tem seu comportamento modelado pelo
coletivo e pela imposição de formas comportamentais através de uma força coercitiva.
Como
Émile Durkheim afirma, um fenômeno só pode ser coletivo se for comum a todos os
membros da sociedade ou, pelo menos, à maior parte deles. Em sociedades onde
cada um é arrastado pelo todo, nas quais pensamentos enraizados na ideologia da
maioria não podem ser descontruídos sem abalar o laço social que os
construíram, a consciência comum se torna resultante da vida social, provocando
a convergência de pensamentos individuais a cada dia que passa.
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