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segunda-feira, 10 de abril de 2023

 

A consciência coletiva de cada dia

Laura Bittencourt Padilha – 1° ano de direito noturno

RA: 231223421

Têm-se como consciência coletiva ou consciência comum, de acordo com o filósofo e sociólogo Émile Durkheim, o conjunto de crenças e de sentimentos comuns à maioria dos membros de uma mesma sociedade. Ela é difusa em toda extensão da sociedade, completamente desligada das consciências particulares, produzindo sempre os mesmos efeitos àqueles reféns desta.

Antes mesmo de desenvolvermos nossa consciência individual, a consciência coletiva nos molda por instituições sociais e contatos gerais com a sociedade. Maneiras de agir, de pensar e de sentir são principalmente afetadas pelo pensamento coletivo por conseguirem existir fora das consciências individuais.

A exemplo de uma consciência coletiva, durante boa parte da história, canhotos foram vítimas de preconceito cultural, social e religioso. Isso pois, a simples predominância da coordenação motora na mão esquerda não estava presente na maior parte das pessoas da sociedade.  Como Durkheim afirma: esses tipos de conduta ou de pensamento não apenas são exteriores ao indivíduo, como também são dotados de uma força imperativa e coerciva em virtude da qual se impõem a ele quer ele queria, quer não.

Há presente no conjunto social uma pressão, que tende a moldar o indivíduo de acordo com os princípios de um coletivo, reduzindo, muitas vezes, o desenvolvimento de princípios individuais que transcendam o pensamento da maioria. Ao não se submeter aos pensamentos e ações comuns, mesmo as mais simples, como não se vestir de acordo com os costumes de seu país e sua classe, um estranhamento social é provocado e, muitas vezes, pode desencadear uma exclusão social daquele que não seguir à risca a consciência coletiva. Tal característica é presente da alegoria de Platão, ao representar que, quando um dos habitantes da caverna se liberta das correntes, que o prendiam e começa a enxergar a vida de forma diferente, é tomado como equivocado por aqueles que permaneceram presos à caverna e, assim, aos pensamentos coletivos que os limitavam de ver o todo.

Por meio de um poder de coerção e imposição, as consciências individuais são moldadas e estruturadas para seguirem o coletivo e sentir certa aversão por aquele que se enquadrar fora desse senso comum. No desenho Wall-e, da Pixar, percebe-se que as maneiras de pensar, de agir e de sentir dos indivíduos que habitam a nave espacial, onde a história do desenho se passa, são exteriores aos indivíduos. O desenho faz uma analogia à sociedade que tem seu comportamento modelado pelo coletivo e pela imposição de formas comportamentais através de uma força coercitiva.

Como Émile Durkheim afirma, um fenômeno só pode ser coletivo se for comum a todos os membros da sociedade ou, pelo menos, à maior parte deles. Em sociedades onde cada um é arrastado pelo todo, nas quais pensamentos enraizados na ideologia da maioria não podem ser descontruídos sem abalar o laço social que os construíram, a consciência comum se torna resultante da vida social, provocando a convergência de pensamentos individuais a cada dia que passa.

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