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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Os filhos desnorteados do capitalismo moderno


Os dias parecem passar mais rápidos, os meses que antes eram intermináveis agora parecem breves, um único ano passa sem ao menos as pessoas se darem conta. Como se a terra fizesse questão de girar mais rápido, o que na realidade são 24 horas, mais parecem 12. Se não bastasse um mundo onde os relógios parecem sempre acelerados, as relações também ficaram cada vez mais curtas. Frente a um turbilhão de acontecimentos que se sucedem ao longo de pouquíssimo tempo, as pessoas se encontram confusas, perdidas e como disse Richard Sennett, à deriva. 

O fruto dessas horas, que mais parecem segundos, são os homens desorientados, mas qual é sua causa? Um mundo onde o tempo é dinheiro, e a cada segundo deve-se produzir. No mundo contemporâneo, uma hora gasta à toa, ou melhor, com uma atividade que não é rentável é considerado um tempo mal gasto. Tão preocupados e ansiosos pelos resultados que só virão amanhã, o homem moderno deixa de viver o hoje, que passa despercebido aos seus olhares cegados pelo sistema. 

Na mesma proporção, as relações humanas, de trabalho e pessoais, ficaram inconstantes. Num caso, não atípico, vi um casal de namorados que celebrou todos os meses de aniversário até completar seu primeiro ano de namoro. O caso retratado só mostra como as relações se tornaram instáveis, hoje um ano juntos tem ares de uma vida inteira. O mundo moderno não permite que você gaste seu tempo, tudo se tornou uma questão de acelerar o processo. Os filhos da atualidade “morreriam” com a simples ideia de que na antiguidade os homens só recebiam produtos de seu árduo trabalho no fim de muitos meses.   

A grande estrutura do mercado exige tempo rentável. Na necessidade de manter seus empregos as pessoas se adaptam a nova mentalidade, produzir mais em menos tempo. Antes elas deveriam apenas competir contra o relógio, nos tempos de Ford, posteriormente tiveram que render mais que as máquinas. Mesmo quem não ocupa um trabalho de fato já possui essa obrigação, as crianças, que tem condição para tal, devem estudar, praticar um esporte, aprender uma língua e um instrumento, além de achar um tempo para as próprias brincadeiras. O tempo só não passa depressa para quem passa fome, e o estômago reclama todos os 86.400 segundos de um dia. Mas para os filhos do capitalismo moderno tempo não é vida, tempo é lucro.      




Laura Lopes de Deus Pires 
Direito matutino: turma XXXVIII

   


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