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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

Neoliberalismo e a ''Eteriedade'' Moderna

  De acordo com o materialismo histórico, o motor da história da humanidade é a luta de classes, presente desde o momento posterior à transição para o neolítico e consecutiva acumulação primitiva de recursos. Entretanto, a luta de classes nunca foi tão acentuada quanto no período histórico posterior a revolução industrial, quando o capitalismo industrial se desenvolveu. A exploração capitalista exercida as custas do proletariado, apesar de hoje presente em um grau menos ''selvagem'', era extremamente brutal no século dezenove, com praticamente a inexistência de direitos trabalhistas.                                     Na segunda metade do século vinte, com a revolução técnico-científica e o aprimoramento dos meios de comunicação (advento da internet por exemplo) deu-se a ascensão tanto do neoliberalismo (uma versão extremada do liberalismo laissez-faire clássico) e da globalização. Ambos fenômenos, longe de exercerem apenas um impacto de ordem econômica, criaram um profundo efeito cultural na medida em que alteram imensamente as relações humanas. Grande exemplo disso é a desagregação das relações tradicionais entre as comunidades, devido a crescente dependência das redes sociais, e perdas culturais dos povos devido a padronização da cultura. O primeiro dos problemas mencionados anteriormente, o filósofo polonês Zygmunt Bauman classificaria como modernidade líquida, a qual se contrapõe a modernidade sólida (esta marcada pelo excesso de rigidez e violência) por ter a fluidez como característica primárias das relações públicas, levando assim a uma crescente individualidade marca do neoliberalismo.                                                                                                                                          Esta realidade atual, neoliberal e volátil, também podendo ser classificada como etérea, pode também ser explicada através da ótica do materialismo dialético marxista. Segundo este, as relações sociais estão intrinsecamente ligadas as forças produtivas. Desta forma, a precarização das relações de trabalho e a privatização dos bens públicos, está necessariamente conectado a degradação da forma como as pessoas se relacionam e posterior crescimento de um individualismo tóxico e nocivo. Sennett no livro a Corrosão do Caráter segue essa linha de raciocínio e discorre também como a instabilidade profissional própria do modelo toyotista de produção impossibilita o estabelecimento de relações sociais duráveis. É importante, portanto, repensar nosso modelo econômico e de produção vigente para que assim as relações sociais voltem a ser mais orgânicas e a sociedade possa funcionar de acordo com o que mais beneficie os cidadãos. 

   

 

  

 

 

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