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segunda-feira, 23 de agosto de 2021

 

"Eu quero viver bem

Quero me alimentar

Com a grana que eu ganho

Não dá nem pra melar"

- Xibom Bombom (As meninas)

O risco na vida do brasileiro naturalizou-se de uma forma perigosa. Tal fato pode ser confirmado com o aumento nos índices de insegurança alimentar, que se tornou muito comum. Nesse sentido, alimentar-se de restos é a única opção para milhões de pessoas que só querem sobreviver. Ao visualizar essa situação, o mercado rapidamente começou a buscar formas de lucrar e encontrou na venda de restos de ossos uma opção viável.

Outrossim, é aceitável que pessoas não tenham vínculos concretos com sua forma de sustento. A lógica do trabalhador é moldada para que seja pautada no acúmulo, seja qual for o meio pare que se chegue a isso. Nessa ótica, a produtividade é incentivada, ao passo que condições saudáveis de trabalho como salário digno e quantidade máxima de horas a serem trabalhadas são desestimuladas. Metas irreais são mantidas em diversas áreas e a cobrança constante nunca para.

Um fato curioso no contexto atual: o número de bilionários no Brasil disparou durante a pandemia, enquanto a taxa de pessoas que possuem um acesso limitado a comida também aumentou. Pode-se dizer, literalmente, que se vive em uma sociedade “Onde o rico cada vez fica mais rico o pobre cada vez fica mais pobre “Nesse contexto, é possível dizer que para a íntima parcela da população, a vida melhorou e eles gozam de conceitos como igualdade, liberdade, fraternidade, enquanto outro grupo enorme não consegue saber o que vai comer no próximo dia, sendo esmagado e alienado por esse sistema cruel.

Diante disso, nas últimas décadas, houve um crescimento nas religiões neopentecostais, as quais fazem parte da ideologia para disciplinar corpos. Essas religiões reproduzem e ajudam a manter a ideia de que a esquerda é um mal que rompe com a ordem, e há um esforço permanente para afastar os fiéis de ideais revolucionários. As religiões, segundo Karl Marx, são um alivio para a miséria real e para as explorações vividas no mundo. Nesse sentido, a “ideologia da prosperidade”, a qual valoriza a acumulação do capital serve como uma via menos dolorosa no contexto de exploração e pobreza. Um exemplo claro disso são propagandas de igrejas como a Universal, por exemplo, que estabelecem o sucesso espiritual através da aquisição de bens e uma visível melhora na condição financeira. Pode-se concluir que a religião ganhou um plano mais terreno, para conseguir trazer um alívio visível para a miséria.

 

Lorena Prado Silva – 1° Período Noturno


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