"Eu quero viver bem
Quero me alimentar
Com a grana que eu ganho
Não dá nem pra melar"
- Xibom Bombom (As meninas)
O risco na vida do brasileiro
naturalizou-se de uma forma perigosa. Tal fato pode ser confirmado com o
aumento nos índices de insegurança alimentar, que se tornou muito comum. Nesse
sentido, alimentar-se de restos é a única opção para milhões de pessoas que só
querem sobreviver. Ao visualizar essa situação, o mercado rapidamente começou a
buscar formas de lucrar e encontrou na venda de restos de ossos uma opção
viável.
Outrossim, é aceitável que
pessoas não tenham vínculos concretos com sua forma de sustento. A lógica do
trabalhador é moldada para que seja pautada no acúmulo, seja qual for o meio
pare que se chegue a isso. Nessa ótica, a produtividade é incentivada, ao passo
que condições saudáveis de trabalho como salário digno e quantidade máxima de
horas a serem trabalhadas são desestimuladas. Metas irreais são mantidas em
diversas áreas e a cobrança constante nunca para.
Um fato curioso no contexto atual:
o número de bilionários no Brasil disparou durante a pandemia, enquanto a taxa
de pessoas que possuem um acesso limitado a comida também aumentou. Pode-se dizer,
literalmente, que se vive em uma sociedade “Onde o rico cada vez fica mais rico
o pobre cada vez fica mais pobre “Nesse contexto, é possível dizer que para a
íntima parcela da população, a vida melhorou e eles gozam de conceitos como
igualdade, liberdade, fraternidade, enquanto outro grupo enorme não consegue
saber o que vai comer no próximo dia, sendo esmagado e alienado por esse
sistema cruel.
Diante disso, nas últimas
décadas, houve um crescimento nas religiões neopentecostais, as quais fazem
parte da ideologia para disciplinar corpos. Essas religiões reproduzem e ajudam a manter a ideia
de que a esquerda é um mal que rompe com a ordem, e há um esforço permanente para
afastar os fiéis de ideais revolucionários. As religiões, segundo Karl Marx,
são um alivio para a miséria real e para as explorações vividas no mundo. Nesse
sentido, a “ideologia da prosperidade”, a qual valoriza a acumulação do capital
serve como uma via menos dolorosa no contexto de exploração e pobreza. Um exemplo
claro disso são propagandas de igrejas como a Universal, por exemplo, que estabelecem
o sucesso espiritual através da aquisição de bens e uma visível melhora na
condição financeira. Pode-se concluir que a religião ganhou um plano mais
terreno, para conseguir trazer um alívio visível para a miséria.
Lorena Prado Silva – 1° Período Noturno
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