Nas obras de Karl Marx é sempre retratado a temática da relação do trabalho na sociedade capitalista. Nesse sentido, com mais de um século de diferença o sociólogo e historiador norte-americano Richard Sennett sob uma perspectiva marxista vai fazer uma crítica a esse “capitalismo flexível” que vigora no mundo contemporâneo.
Primeiramente, a concepção de trabalho demonstrada por Marx retrata que o sistema capitalista transformou o trabalhador em mercadoria, logo, o trabalhador além de lutar para manter os seus instintos naturais, ele também passou a lutar pela aquisição de emprego. Ademais, Marx demonstra que essa divisão do trabalho que vigora nessas sociedades industriais tem como intenção a criação de um proletariado alienado, na medida que, o indivíduo passa anos operando a mesma máquina e não reconhece o produto obtido. Portanto, a divisão do trabalho eleva a força produtiva, a riqueza e o aprimoramento dessa sociedade burguesa, porém ela empobrece o trabalhador até a condição de máquina, consequentemente, a exaustão, danos físicos e psicológicos irreversíveis.
Por conseguinte, o sociólogo Richard Sennett depois de um século das obras de Marx e sob uma perspectiva marxista vai fazer uma leitura do que seria esse “capitalismo flexível” do século XX. Richard vai retratar que esse capitalismo flexível está gerando uma sociedade impaciente, insegura e concentrada apenas no agora. Nessa perspectiva, muitos trabalhadores vão para os seus empregos, inseguros, pois não sabem se continuarão trabalhando ou serão demitidos, em contrapartida, essas empresas colocam uma falsa motivação na cabeça do proletariado de que o mercado está em constante mudança e por isso o trabalhador tem que estar sempre se renovando e acompanhando as perspectivas da empresa, dessa forma, o proletariado que mais sofre é aquele que está a mais tempo operando aquela função, pois está sempre sendo ameaçado a ser demitido e “trocado” por um mais novo, caracterizando o que o Marx retrata como: "coisificação do trabalhador”. Essa “coisificação do trabalhador” pode ser vista em diversas empresas consideradas multinacionais na medida que as mudanças tem a ver com o suprimento das demandas do mercado que são consequências da política de concentração de poder sem a centralização.
Outra forma de dominação que Richard Sennett apresenta e que pode ser feito o paralelo com o momento atual do mundo é a flexibilização do trabalho. Nesse sentido, o trabalhador tem a falsa sensação de liberdade de poder orientar a sua jornada de trabalho, pois, nessa era tecnológica a relação entre o patrão e o proletariado é virtual. Entretanto, o trabalhador continua sendo controlado, na medida que o indivíduo tem horário para responder, horário de almoço, hora de entrar e sair, e acesso limitado a páginas em horário de serviço. Portanto, a única diferença entre o proletariado do século XIX e o do XXI no período de trabalho é que a forma de controle era feita pelo relógio e agora é pelo computador.
Portanto, Marx e Richard Sennett mesmo elaborando suas obras em séculos diferentes conseguiram identificar essa relação de exploração do trabalhador pela classe dominante. Dessa forma, enquanto houver o sistema capitalista, muitos trabalhadores vão continuar voltando para casa com a sensação de que podem perder o emprego e de que estão cada vez mais exaustos fisicamente e psicologicamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário