A análise materialista de Marx e Engels surge em oposição ao idealismo, ou seja, tem como base o “real” e não a “ideia”, porém não a descarta e afirma que ela pode ser um resultado dessa análise, mas nunca o ponto de partida. Além disso, deve-se ainda levar em conta que os homens moldam a sua própria história, não da maneira que eles desejam, mas de acordo com todo o contexto histórico ligado diretamente com o passado.
Levando em conta o materialismo, fica muito mais difícil a interpretação dessa realidade etérea atual, batizada pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman, como modernidade líquida. Esse termo seria o oposto da modernidade sólida, período anterior à segunda guerra mundial, na qual havia uma rigidez nas instituições, relações humanas e sociais, como por exemplo, um molde definido do que era considerado família. Assim, esse período era marcado pelos cuidados com a tradição e pelo conservadorismo. Já a modernidade líquida, que começa após a segunda guerra mundial, é o completo oposto da modernidade mencionada anteriormente, pois não tem uma forma definida. A sociedade atual é extremamente volátil e ágil, está sempre em constante mudança de acordo com a moda e pensamento da época, por isso não segue um modelo, nem costumes ou tradições. Atualmente é possível ver essa liquidez das relações, principalmente nas de exploração, que era um foco para Marx e Engels, chamado de uberizacão do trabalho, pois os vínculos trabalhistas estão sendo substituídos por plataformas como a Uber, que se dizem como intermediadores, e não empregadores. Isso resulta na precarização da vida desses trabalhadores e a perda de direitos conquistados anteriormente, que continuam lutando contra a classe dominante diariamente.
Dessa forma, é possível uma análise materialista dessa realidade que vem constantemente se “esfumaçando”, porém é necessário bastante cuidado em relação a suas análises e conclusões que se adquire, pois devido a constante mudança e falta de forma dessa realidade material atual, o resultado de uma pesquisa pode estar em pouco tempo desatualizado, e a única coisa que se mantém, diante das mudanças cada vez mais constantes na atualidade é a luta de classes. Principalmente considerando a globalização e a tecnologia que torna as relações entre as pessoas cada vez mais distantes e frágeis, podendo se encerrar com o apertar de um botão , deve-se ter bastante cautela ao abordar essa realidade com uma visão materialista, inclusive ao analisar as lutas de classes, pois a forma de exploração e o vínculo entre classes mudou.
Guilherme Kazuo Rocha Ychibassi - Diurno - 1° semestre direito
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