Dentro do convívio social, encontra-se presente o vínculo direto entre coletividade e discernimento, sendo as atitudes individuais ecoadas por toda a sociedade. Desse modo, Emile Durkheim, ao propor tal forma de análise, visava entender o corpo social como realmente é: um fato. Assim, o sociólogo traduzia-o como um conjunto de órgãos, cada um exercendo sua função harmoniosamente. Ademais, um fator de grande importância, é que as comunidades, finalmente, foram vistas como mutáveis, sempre de acordo com os ideais seguidos por suas populações, portanto, variáveis também. Dessarte, ao se fazer uma ponte com a atualidade, pode-se trata-las como sociedades orgânicas, marcadas pelas diferenças e pela grande especialização. Com isso, perderam, de certa forma, a noção de coletivo e causou-se um afastamento. Porém não se quebra completamente a coesão: esta passa a ser tratada a partir da diversidade e da convivência. Vale ressaltar que lutas por direitos e outras causas sociais passam a ser bem-vindas na coletividade, já que as diferenças são mais respeitadas e menos julgadas.
Com efeito,
dada a perspectiva acima, chama-se anomia qualquer comportamento fora do
padrão. Tal perspectiva pode-se traduzir em duas: condenação ou restituição.
Assim, nas sociedades hodiernas, usando-se o direito, fala-se em reinserção
social, uma vez que precisa-se de cada um exercendo seu papel. Outrossim,
nota-se que a punição não perdeu seu lugar, mas já não é tão bem vista. Aliás,
o egoísmo originou uma autolimitação, demonstrada, prioritariamente, no direito
de propriedade e no contratual. No entanto, apesar da redução da consciência coletiva
e, portanto, do uso dos costumes, deve-se reconhecer que fatores enraizados
exercem papel fundamental no cenário político-social, sejam eles bons, sejam
ruins. É, dessa forma, que se legitima comportamentos patriarcais, como o
machismo, o héteronormalismo e a hegemonia das classes mais altas. Além disso,
assuntos que deveriam ser discutidos, como a violência policial e o aborto, são
ignorados, de modo a se manter o “equilíbrio”, até então, instaurado.
Em suma, o
fato social de Durkheim busca a consciência coletiva ao mesmo tempo que entende
a diversidade. Entretanto, a diferenciação do sociólogo faz-se eficiente para a
manutenção da sociedade contemporânea dentro de uma padronização, não sendo
defendida de toda e qualquer forma, apenas por setores da comunidade. Assim,
torna-se uma coesão excludente e, portanto, segregadora. Isso é, realmente, o
corpo social visto nos dias atuais: repleto de disparidades e de arrogância.
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