É comum ter observado, no decorrer das últimas semanas, um abrandamento nas medidas de isolamento social para contenção do COVID-19. Esse fato traz consequências graves para grande parte da população, visto que pode ocasionar uma maior disseminação do vírus.
Há quem tenha burlado a quarentena desde o início da pandemia, mas em número consideravelmente menor em relação ao observado atualmente, inclusive devido à paralisação de diversos serviços durante os meses de março a julho.
Com isso, a conclusão a que se pode chegar é que um coletivo de indivíduos exerce coerção na sociedade de forma geral, o que leva os atores sociais a agirem de forma semelhante, com uma visão para aquilo que parece um bem para a maioria, mesmo que apenas momentâneo, em detrimento da existência de indivíduos tomada de forma isolada, que podem perder a vida em decorrência da irresponsabilidade de terceiros. Dessa forma, é possível observar o Fato Social, de Durkheim, na realidade Pós-moderna.
É curioso, também, considerar uma "inversão de papéis" no Brasil atual. Nos primeiros meses de isolamento, eram discriminados aqueles que burlavam tal contenção social, pois iam contra o interesse do grupo e podiam ser considerados uma forma de "resistência". Porém, com o passar do tempo, e com a abertura de bares, restaurantes, e serviços não essenciais como um todo, as taxas de isolamento caíram e, com isso, o "anormal" passou a ser, na maioria das cidades brasileiras, a continuação das medidas de restrição de relacionamento interpessoal, que, então, passaram a ser a resistência em relação ao coletivo. Assim, fica claro o conceito da sociedade de "gado", na medida em que um coletivo determina as ações das pessoas, mesmo na esfera individual, em detrimento de qualquer outro fator a ser considerado.
Além disso, é importante citar a influência do capitalismo na tomada de decisões. Muitas vezes, a desculpa para tal retomada de serviços é o bem da economia, o que demonstra a valorização do "ter" em detrimento do "ser", visto que muitos indivíduos, inclusive aqueles detentores do poder político, consideram mais importantes os fatores econômicos que a vida de cidadãos, ainda mais daqueles que constituem minorias ou grupos oprimidos. Logo, "cada um é arrastado por todos", e mesmo com cada ser humano sendo possuidor de seu papel na sociedade, o que prevalece ainda é a vontade da maioria e isso determina a forma de agir do indivíduo, que não detêm poder de escolha, mesmo que possa ter a falsa sensação de que toma suas próprias decisões, seja a favor ou contra tais determinações.
Maria Paula Castro Gonzaga
1º ANO- Matutino
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